Segundo adiantam alguns especialistas, no fim da guerra na Ucrânia a Rússia continuará no mesmo lugar onde está hoje. Por maioria de razão, o mesmo acontecerá com a Alemanha. E os 1.800 km que separam Berlim de Moscovo continuarão a ser 1.800 km. Por esta razão e por todas as razões históricas que a contemporaneidade teima em esquecer ou em não relevar, a Alemanha demonstra desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro do ano passado, ter como opção estratégica gerir as relações com a Rússia como se fosse uma preciosidade que está a estragar-se mas que uma recauchutagem permitirá fazer voltar a brilhar num futuro não necessariamente muito longínquo.
Passada a ‘crise Gerhard Schroder’, que eclodiu imediatamente a seguir à invasão – com o antigo chanceler social-democrata a fazer tudo o que estava ao seu alcance (e mesmo um bocadinho mais) para não ter de desistir da sua privilegiada posição de lobista dos russos para o centro da Europa – a Alemanha não escondeu de forma nenhuma a sua posição face à Rússia. Evidentemente que os germânicos alinharam na condenação da invasão, subscreveram as sanções e confrontaram Putin com a sua própria loucura, mas mostraram não estar disponíveis para excessos. A Alemanha, convém recordar, está numa posição desgraçadamente privilegiada para saber do que está a falar: as sanções que lhe foram impostas no final da I Guerra Mundial foram um importante contribuinte líquido para a eclosão da II Guerra Mundial – e o insuspeito economista britânico John Maynard Keynes é sobre esse tema definitivo.
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