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Brasil: Lula da Silva volta a depor noutro processo da Lava Jato, desta vez sem Sérgio Moro

O fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) vai depor num outro processo da Operação Lava Jato, na qual está acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mas desta vez não vai haver duelo com o juiz Sérgio Moro.
14 Novembro 2018, 07h07

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva vai, esta quarta-feira, deixar a prisão pela primeira vez desde que foi preso para ser ouvido pela Justiça brasileira. O fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) vai depor num outro processo da Operação Lava Jato, na qual está acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas desta vez não vai haver duelo com o juiz Sérgio Moro.

Neste processo, Lula da Silva é suspeito de ter recebido benefícios ilícitos no valor de 1,02 milhões de reais (mais de 230 mil euros) das construtoras Odebrecht e a OAS, em troca de um favorecimento em contratos com a empresa petrolífera estatal Petrobras. Os subornos terão sido pagas por meio de reformas feitas pelas construtoras numa quinta, na cidade de Atibaia, no estado de São Paulo.

Segundo a acusação, a quinta está registada em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna, mas o verdadeiro dono do imóvel era Lula da Silva, que costumava frequentar a quinta em causa com a família. O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro alega ainda que as obras terão custado 700 mil reais (166 mil euros) entre os anos de 2010 e 2014.

Os advogados de defesa de Lula da Silva lembram que o ex-presidente brasileiro não é dono do imóvel e que apenas frequentava o local e sublinham que não há indícios que o liguem aos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais de que é acusado neste processo.

Esta é também a primeira vez que a operação Lava Jato não vai ter o emblemático duelo entre Lula da Silva e o juiz Sérgio Moro. O magistrado vai pedir a exoneração das suas funções, após 22 anos de carreira, para assumir, em janeiro, a tutela do superministério da Justiça e da Segurança Pública do Governo do recém-eleito presidente, Jair Bolsonaro.

Sérgio Moro já interrogou o petista em três outros processos da Operação Lava Jato. Um sobre um terreno que, segundo a acusação do MPF, seria destinado ao Instituto Lula, outro sobre a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo, em São Paulo, e ainda outro sobre o triplex do Guarujá, também no estado de São Paulo. No âmbito deste último processo, Lula da Silva foi condenado a uma pena de 12 anos e um mês de prisão.

Lula da Silva vai agora ser interrogado pela juíza Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro na 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba. A juíza Gabriela Hardt já assumiu algumas das pastas de Sérgio Moro nas últimas semanas, tendo interrogado os empreiteiros Marcelo e Emílio Odebrecht, delatores da Lava Jato. O novo depoimento do ex-presidente vai ser acompanhado pelo PT e vários movimentos sociais.

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