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Brexit: Dois pontos da carta de May já foram rejeitados pela União Europeia

A União Europeia discorda do conteúdo da carta do Governo britânico no que toca aos ‘timings’ para as negociações dos acordos de cooperação entre as duas partes e rejeita que a segurança seja “moeda de troca”.
  • Andrew Boyers / Reuters
30 Março 2017, 12h14

A carta remetida pelo Governo britânico de Theresa May à União Europeia (UE) a expressar a vontade de acionar o artigo 50º do Tratado Europeu e dar início ao processo de saída do Reino Unido do projeto europeu já foi lida por Bruxelas e já há pelo menos dois pontos a que os líderes europeus dizem “não”, avança hoje o ‘Diário de Notícias’, Entre eles estão os timings para as negociações dos acordos de cooperação entre as partes e a rejeição de que as questões de segurança sejam usadas como “moeda de troca”.

Na missiva de seis páginas que escreveu, a primeira-ministra britânica reitera a intenção de negociar com Bruxelas uma “futura parceria” com a UE, ao mesmo tempo que discutem a concretização da saída dos britânicos da comunidade europeia.

Ora, depois de o Conselho Europeu ter vindo rejeitar esta ideia, a chanceler alemã, Angela Merkel, veio relembrar que “as negociações devem clarificar primeiro como nos vamos desligar da nossa relação interligada; e só quando esta questão estiver resolvida, podemos começar a falar sobre a nossa relação futura”. Angela Merkel considera primordial fechar as negociações do divórcio entre o Reino Unido e a UE numa primeira fase e só depois as negociações podem focar-se num acordo comercial entre as duas partes.

Outro ponto que está a motivar discordância entre a UE e o Reino Unido é o acordo de uma “parceria profunda e especial que inclua cooperação económica e de segurança”, como escreve Theresa May. A primeira-ministra britânica admite que findo o prazo de dois anos de negociações o país possa sair sem nenhum acordo com a UE e por isso deixa o aviso: caso não consiga um acordo comercial, pode vir a enfraquecer a cooperação no combate ao terrorismo.

“Em termos de segurança, o falhanço em alcançar um acordo iria significar que a nossa cooperação na luta contra o crime e o terrorismo ficaria enfraquecida”, explica Theresa May na carta.

A ideia não foi bem recebida por Bruxelas, que considera que a líder britânica está a tentar fazer chantagem com os líderes europeus e a usar as questões de segurança como forma de conseguir levar as suas intenções em diante. O representante do Parlamento Europeu (PE) nas negociações, o belga Guy Verhofstadt, afirma que a segurança “é demasiado importante para ser usada como moeda de troca” e que “independentemente do resultado das negociações sobre a relação futura entre UE e Reino Unido, estas não podem incluir qualquer troca entre, por um lado, segurança interna e externa, incluindo cooperação em defesa, e por outro, uma relação económica futura”.

Esta quarta-feira marcou o primeiro dia dos dois anos de negociações do processo que levará ao Brexit. O Governo de Theresa May inicia uma “longa e difícil viagem”, como afirmou Michel Barnier, o responsável europeu incumbido de chefiar as negociações do Brexit, que irá por fim a quase 45 anos de história conjunta na União Europeia.

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