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Brexit: Suspensão é “escândalo constitucional”, afirma responsável do Parlamento

Para o presidente da Câmara dos Comuns britânica, John Bercow, suspender o parlamento “seria uma ofensa ao processo democrático e aos direitos dos deputados enquanto representantes eleitos pelo povo”.
28 Agosto 2019, 16h14

O presidente da Câmara dos Comuns britânica, John Bercow, que foi a cara da votação do Brexit no Parlamento, afirmou que a decisão do primeiro-ministro, Boris Johnson, em suspender o parlamento até 14 de outubro é um “escândalo constitucional”.

“Não recebi qualquer contacto por parte do Governo, mas se as notícias de que pretende suspender o Parlamento se confirmarem, é um escândalo constitucional”, afirmou John Bercow à BBC. “É absolutamente evidente que o objetivo da suspensão é impedir o Parlamento de debater o Brexit e de cumprir o seu dever de definir uma trajetória para o país”, sustentou.

Na verdade, com o aval da rainha Isabel II, o Parlamento fica suspenso de 10 de setembro a 14 de outubro. Desta forma, para impedir uma saída desastrosa para a economia do Reino Unido, o Parlamento tem agora 17 dias de sessão até ao dia 31 de outubro, data estabelecida pelos líderes europeus.

Para Bercow, suspender o parlamento “seria uma ofensa ao processo democrático e aos direitos dos deputados enquanto representantes eleitos pelo povo”.

“Neste momento, um dos períodos mais desafiadores da história da nossa nação, é vital que o nosso Parlamento eleito tenha voz. Afinal, vivemos em uma democracia parlamentar”, garantiu o presidente da Câmara dos Comuns. “Encerrar o Parlamento seria uma ofensa ao processo democrático e aos direitos dos parlamentares eleitos como representantes do povo”, afirmou.

“Com toda a certeza, nesta fase inicial do seu mandato, o primeiro-ministro deveria procurar estabelecer, em vez de minar as suas credenciais democráticas e, de facto, o seu compromisso com a democracia parlamentar”, sublinhou John Bercow à BBC.

Outra reação negativa à suspensão do Parlamento britânico foi a de Jeremy Corbyn. O líder do Partido Trabalhista britânico afirmou que a decisão de Boris Johnson “não é aceitável” e que este “tem de responder perante o Parlamento”. “Protestei nos termos mais fortes em nome do meu partido e de todos os outros partidos que vão unir-se para dizer que suspender o parlamento não é aceitável”, disse Corbyn em declaração a jornalistas.

“O que o primeiro-ministro está a fazer é uma espécie de assalto à democracia para forçar uma saída da União Europeia sem acordo. De que tem ele tanto medo para suspender o Parlamento e o impedir de discutir estas questões?”, questionou.

Corbyn assumiu que a primeira coisa que o Partido Trabalhista vai fazer, quando o parlamento voltar a reunir na terça-feira é apresentar legislação para impedir a suspensão e desafiar o primeiro-ministro “com uma moção de confiança em algum momento”.

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