[weglot_switcher]

Brexit: Unionistas e eurocéticos contra moção de censura do ‘Labour’ ao governo

“Vamos votar contra a moção de censura do partido Trabalhista. Nós queremos ver o governo do partido Conservador continuar a avançar com o ‘Brexit’. Nunca quisemos uma mudança de governo, queremos uma mudança de política”, disse o líder parlamentar do DUP, Sammy Wilson, à BBC.
15 Janeiro 2019, 21h24

O Partido Democrata Unionista (DUP) e deputados conservadores eurocéticos que rejeitaram hoje o acordo para o ‘Brexit’ pretendem votar contra a moção de censura do partido Trabalhista, mantendo a primeira-ministra, Theresa May, em funções.

“Vamos votar contra a moção de censura do partido Trabalhista. Nós queremos ver o governo do partido Conservador continuar a avançar com o ‘Brexit’. Nunca quisemos uma mudança de governo, queremos uma mudança de política”, disse o líder parlamentar do DUP, Sammy Wilson, à BBC.

O acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo governo com Bruxelas foi reprovado hoje por uma maioria 432 deputados no parlamento britânico contra 202 a favor, uma desvantagem de 230 votos, sendo que 118 dos votos contra foram de deputados do próprio partido Conservador.

Porém, Wilson entende que May deve continuar à frente do governo e “voltar à União Europeia para tornar claro que este acordo não vai passar e que vão ter de encontrar um acordo que reflita a mudança nos problemas que fizeram perder esta noite”.

O DUP é frontalmente contra a solução de salvaguarda, conhecida por ‘backstop’, que seria ativada após o período de implementação, no final de 2020, e manteria a Irlanda do Norte alinhada com as regras do mercado único europeu até ser concluído um novo acordo comercial entre as duas partes.

Esta solução significaria que não existiriam controlos alfandegários nos produtos comercializados com a vizinha europeia Irlanda, evitando uma fronteira física que limitaria a livre circulação de bens e pessoas estabelecida pelo acordo de paz de 1998 para a região.

Porém, o partido ultraconservador, que é aliado do partido Conservador e garante a maioria no parlamento que sustenta o governo, argumenta que os bens trocados entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido teriam de ser submetidos a controlos alfandegários, criando uma fronteira no mar da Irlanda.

Também Boris Johnson, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e um dos principais críticos de May dentro do partido Conservador, afirmou que vai votar contra a moção de censura apresentada pelo ‘Labour’.

“Não quero de todo Jeremy Corbyn como primeiro-ministro”, respondeu à BBC, hoje, no parlamento.

Johnson, considerado um dos possíveis sucessores de May, enfatizou que “a questão não é quem o faz, mas o que fazer” e defendeu um acordo mantenha as “partes boas”, como a defesa dos direitos dos cidadãos europeus a viver no Reino Unido, mas sem a ‘backstop’ para a Irlanda do Norte.

“As boas notícias é que [a derrota do acordo hoje] deu à primeira-ministra um mandato enorme para voltar a Bruxelas e dizer que este acordo que nos mantém trancados na união aduaneira, trancados no alinhamento de regulação, obrigados a seguir as regras deles, não vai passar”, justificou.

Para ser bem-sucedida, uma moção de censura precisa de pelo menos 320 votos a favor, mas a oposição ocupa apenas 308 lugares dos 650 da Câmara dos Comuns, pelo que teria de conseguir o apoio de membros de outros deputados.

Se a moção de censura for aprovada, um novo governo pode ser formado no espaço de duas semanas se conseguir o apoio de uma maioria do parlamento, senão são convocadas eleições legislativas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.