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Brisa está disponível para negociar com Governo uma redução no aumento das portagens

António Pires de Lima, CEO da concessionária e presidente do BCSD, diz em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, que mitigar ou não o aumento previsto no contrato é uma opção política e revela que já manifestou ao Governo disponibilidade para negociar.
23 Julho 2022, 21h15

A Brisa está disponível para negociar com o Governo uma redução no aumento das portagens a definir em outubro, revelou António Pires de Lima, CEO da Brisa, em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, adiantando ter manifestado já essa vontade ao governo.

De acordo com o contrato de concessão, a subida do valor da portagem está indexada ao indicador da inflação até outubro. Se o Executivo nada fizer para encontrar um mecanismo para compensar a Brisa desse aumento, o preço sobe em função da inflação.

Pires de Lima lembra que se trata de uma opção política, mitigar ou não, o aumento previsto. Há duas possibilidades em cima da mesa: Ou o Estado compensa financeiramente a Brisa ou paga em tempo, renegociando o contrato de concessão. A “Brisa não precisa necessariamente de cheques”, afirma o gestor.

A Brisa perdeu 25% da atividade em 2020 e 14% em 2021, devido à pandemia e ao consequente confinamento. Este ano, apesar do aumento dos combustíveis, está a conseguir recuperar e deverá terminar 2022 com valores idênticos aos de 2019, adianta o CEO.

À Antena1 e ao Jornal de Negócios, Pires de Lima, que atualmente preside ao Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD), considera que se devia aproveitar a crise do preço dos combustíveis para acelerar a transição para o carro elétrico, dando incentivos às pessoas para promover a troca.  Adianta que a BCSD está a trabalhar com os municípios na área da mobilidade urbana e que, depois de ter assinado um pacto para a mobilidade com Braga, conta assinar outros protocolos com Matosinhos e Porto.

Numa perspetiva macro, o antigo ministro da Economia admite que a previsão de crescimento económico para este ano é uma boa notícia no curto prazo, que é preciso “saborear” o momento, mas lembra que há algumas “sombras” para o futuro, como a inflação e a recessão que obrigam a tomar medidas, sobretudo num país com uma carga fiscal muito elevada e que não permite às empresas e às famílias gerar poupanças para investir.

Reduzir a carga fiscal e aumentar os salários são duas das medidas que preconiza. Pires de Lima defende um regresso à fiscalidade verde com uma redução do IRC para as empresas que investem na sustentabilidade e uma penalização das empresas com impacto negativo no ambiente. Uma sugestão que disse já ter deixado ao ministro da Economia, António Costa Silva, que considera uma “lufada de ar fresco”. Reduzir o IRC pode servir de moeda de troca para algumas empresas terem condições para aumentarem os salários que nalguns casos são “embaraçosos”, salienta.

Concorda com a necessidade de colocar o aumento salarial no centro das discussões da concertação social, mas lembra que para algumas empresas será necessário criar condições e dar contrapartidas.

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