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Bruno de Carvalho quis ser ouvido no DCIAP, mas foi remetido para o DIAP

Advogado do ex-líder do Sporting apresentou-se no DCIAP para Bruno de Carvalho ser ouvido no processo relacionado com as agressões de Alcochete. Mas foi remetido para o DIAP de Lisboa que dirige este inquérito. Novo requerimento da defesa do antigo presidente do SCP vai ser agora “apreciado”, revela a PGR.
  • Cristina Bernardo
11 Outubro 2018, 13h43

O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho apresentou-se esta quinta-feira voluntariamente no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para prestar declarações sobre a invasão à Academia do clube. Mas o advogado do antigo dirigente foi informado de que este inquérito é dirigido pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, para onde dirigiu novo requerimento que “será apreciado no âmbito do referido processo”, revelou ao Jornal Económico fonte oficial da Procuradoria Geral da República (PGR).

“Confirma-se que o advogado de Bruno de Carvalho se apresentou no DCIAP, requerendo que o seu constituinte fosse ouvido no âmbito do processo relacionado com  as agressões em Alcochete. O advogado foi informado de que este inquérito é dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Lisboa”, avançou fonte oficial da PGR, dando conta que, neste contexto, “o advogado dirigiu um requerimento ao DIAP de Lisboa, requerimento esse, que será apreciado no âmbito do referido processo”. Os factos remontam ao dia 15 de maio, quando um grupo de cerca de 40 adeptos, alegadamente afetos ao Sporting, invadiram a Academia do clube, em Alcochete, e agrediram jogadores e equipa técnica.

Bruno de Carvalho decidiu apresentar-se neste departamento do Ministério Público por iniciativa própria, disponibilizando-se para prestar declarações no âmbito do inquérito ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, e na sequência de notícias que dão conta de um alegado envolvimento nesta ação. Uma iniciativa de Bruno de Carvalho ocorre um dia depois de o funcionário do Sporting Bruno Jacinto ter sido ouvido em primeiro inquérito judicial, no âmbito do mesmo processo, e ter ficado em prisão preventiva.

Detido na terça-feira, Bruno Jacinto, que na altura das ocorrências era oficial de ligação aos adeptos, está indiciado, entre outros, pela prática, em coautoria, de mais de 20 crimes de ameaça agravada, 12 crimes de ofensa à integridade, 20 crimes de sequestro e um crime de terrorismo.

Até à nova detenção, tinham sido detidos 37 suspeitos, entretanto constituídos arguidos. Todos eles estão indiciados pela prática de crimes de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro, dano com violência, incêndio florestal e introdução em lugar vedado ao público, segundo comunicado do Tribunal do Barreiro.

PGR já tinha rejeitado pedido de audiência a Bruno de Carvalho

O ex-presidente considera que os seus direitos estão a ser postos em causa e que tem sido alvo de difamação no caso das agressões a jogadores e técnicos. Pediu uma audiência à PGR para expor as suas preocupações, queixas e factos que sejam do seu conhecimento, de forma a apurar que são os culpados da invasão. Mas foi recusada, tendo a Justiça remetido Bruno de Carvalho para o inquérito à invasão a Alcochete .

O antigo dirigente do Sporting entende que tem sido injustamente ligado à invasão ao campo de treinos do clube verde e branco e pretendeu, por isso, recorrer à PGR para expor as suas preocupações, queixas e factos que sejam do seu conhecimento, de forma a apurar quem são os culpados da invasão à Academia de Alcochete. Um mês após o pedido de Bruno de Carvalho (a 17 de julho), a PGR revelou, no final de agosto, ao Jornal Económico que rejeitou a audiência pretendida para esclarecer notícias que o ligam às agressões aos jogadores e elementos da equipa técnica.

“Após análise, verificou-se que os factos mencionados pelo requerente para fundamentar o pedido de audiência respeitam a matéria que, como é público, é objeto de inquérito que se encontra em investigação no Ministério Público do DIAP de Lisboa”, avançou, na altura, ao Jornal Económico fonte oficial da PGR, acrescentando que “foi transmitido ao requerente de que este inquérito constitui a sede própria para a junção de elementos que entenda relevantes”.

No pedido, Bruno de Carvalho considera que os seus direitos enquanto cidadão estão a ser colocados em causa devido aos incidentes de 15 de maio, que levou já à prisão preventiva de 37 membros da claque leonina, e a algumas notícias veiculadas desde então. Por isso, queria ser ouvido pela Justiça. O pedido de audiência do antigo dirigente surgiu depois de o “Correio da Manhã” (CM) ter noticiado que a Polícia Judiciária tem em seu poder mensagens enviadas pelo ex-diretor geral do Sporting André Geraldes a Bruno de Carvalho que ligam o presidente destituído do Sporting Clube de Portugal ao ataque aos jogadores e equipa técnica do clube, em maio, em Alcochete.

Bruno de Carvalho suspeito de envolvimento nas agressões

Após a recusa, no final de agosto da PGR em receber o ex-líder sportinguista, o Juiz de instrução do Barreiro acabou também por rejeitar o pedido de constituição de assistente do ex-presidente do SCP no processo, porque alegadamente colide com a investigação. Segundo o CM, o juiz de instrução do Barreiro rejeitou o pedido de constituição de assistente do ex-presidente do Sporting no processo, porque, alegadamente, colide com a investigação em curso. Bruno de Carvalho está a ser alvo de investigação no caso das agressões na Academia do Sporting, em Alcochete, avançou esta terça-feira o diário do grupo Cofina.

Bruno Jacinto é o 38º arguido

Bruno Jacinto é já o 38º elemento em prisão preventiva por alegado envolvimento nos incidentes de 15 de Maio na academia do Sporting, em Alcochete, em que cerca de 40 alegados adeptos do clube, encapuzados, agrediram alguns jogadores, treinadores e staff.

O Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do Sporting, ficou em prisão preventiva, depois de ter sido ouvido esta quarta-feira no Tribunal do Barreiro, no âmbito do ataque à Academia de Alcochete. O juiz justificou a medida de coação mais grave com perigo de fuga, risco de perturbação do inquérito e de continuação da atividade criminosa. Recorde-se que Jacinto tinha sido detido ontem.

No dia do ataque à Academia, o então OLA terá recebido um telefonema, cerca de 15 minutos antes do ataque, no qual tomou conhecimento de que elementos da Juventude Leonina iam a caminho do centro de estágio “para falar com a equipa”. De acordo com a investigação ainda em curso, Jacinto chegou a Alcochete depois das agressões terem tido lugar e terá ainda evitado que o ex-líder da claque, Fernando Mendes, fosse detido pelas autoridades numa primeira fase, permitindo que o condutor do BMW azul, Nuno Torres, o escoltasse de carro para fora do local.

Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva, entre eles o antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes, são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência. Na sequência do ataque à Academia do Sporting, nove futebolistas rescindiram os contratos com o clube. Rui Patrício, Rafael Leão, Daniel Podence, Gelson Martins e Ruben Ribeiro saíram em litígio com o Sporting e transferiram-se para outros clubes.

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