Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) vai atribuir, no próximo ano, 443 mil euros à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova) para o desenvolvimento de projetos de inovação e tecnologia. A FCT-Nova é uma das parceiras deste organismo europeu, num consórcio de matérias-primas (‘EIT Raw Materials’), e vai receber financiamento por nove projetos que está a desenvolver em conjunto com outras empresas, instituições de pesquisa e universidades europeias.
A unidade orgânica de engenharia e ciências da Nova concorreu à última chamada para obter financiamento de projetos inovadores do ‘EIT Raw Materials’, a 28 de fevereiro. Submeteu nove propostas a concurso, das quais quatro foram aprovadas e se encontram já em funcionamento. Estas quatro propostas vão juntar-se a outros projetos já em atividade, incluindo cursos de doutoramento (PhD) para o setor de matérias-primas, à procura de métodos alternativos para diminuir a dependência europeia de materiais provenientes de regiões fora do Velho Continente.
Ao Jornal Económico, Didier Zimmermann, general manager do hub central do ‘EIT Raw Materials’ (onde se inclui a FCT-Nova), destaca o potencial de Portugal no que toca à inovação e tecnologia. “Portugal é um dos nossos parceiros em vários projetos de inovação, através da FCT-Nova, e tem trabalhado em conjunto com várias empresas, centros de pesquisa e universidades europeias em iniciativas que visam diminuir a dependência externa da Europa. Além de contribuir com vários especialistas na área da inovação e tecnologia, Portugal está também envolvido em projetos de educação, como mestrados e PhD”, afirma.
Um dos projetos desenvolvidos pela FCT-Nova, que Bruxelas vai financiar, é o ‘SuperSmart’. A iniciativa visa a impressão direta em papel de sensores ou chips, com vista a facilitar o acesso a informações que constam em meios físicos. Através desta tecnologia, os consumidores vão poder, por exemplo, complementar a informação que vem disponível no seu cartão de contacto profissional, com informação extra que pode ser lida digitalmente.
Didier Zimmermann explica que “a impressão eletrónica de chips em papel é um projeto barato e permite combater o uso excessivo de resina”. “Se quisermos, podemos sonhar que em breve a cloud será o sítio onde guardamos toda a nossa informação, a nossa casa”, defende. Este projeto, cujo principal parceiro é o grupo industrial francês Arkema, deverá receber a maior fatia da verba atribuída à FCT-Nova: 109,6 mil euros. Um valor que corresponde a quase um quarto do valor atribuído pela União Europeia à FCT-NOVA.
O ‘PhosForce’ é outro dos projetos que vai receber mais financiamento comunitário em 2019. O projeto pretende dar resposta à dependência da Europa no que toca ao fosfato, um elemento químico essencial e insubstituível para os seres humanos e para a natureza. Como a União Europeia depende em 92% de outros países para responder às suas necessidades no que diz respeito ao fosfato, o PhosForce procura olhar para fontes secundárias e formas de reciclar materiais em fim de vida.
“A maior parte do fosfato usado pela União Europeia para a produção de fertilizantes vem de Marrocos, mas as reservas estão a decair e temos de encontrar alternativas para assegurar a continuidade da indústria de fertilizantes”, explica Didier Zimmermann. O esquema proposto pelo ‘PhosForce’ prevê, por exemplo, a recuperação de fosfato presente no fluxo de lamas das estações de tratamento de águas residuais (ETAR), tornando-o reutilizável. A iniciativa abrange mais quatro países – Dinamarca, Polónia, Alemanha e França –, mas é em Portugal, na FCT-Nova, que a investigação é desenvolvida. Bruxelas vai atribuir 80,1 mil euros ao ‘PhosForce’.
Na lista de projetos da FCT-Nova que vão ser financiados por Bruxelas estão ainda o ‘MineHeritage’, que visa integrar a sociedade na procura do conhecimento científico e na importância dos materiais e matérias-primas para o desenvolvimento da Europa; o ‘AMIR-RIS’, OpenYourMine’, ‘BioLeach’ e o ‘RM@Schools 3.0’, que consistem em programas de mestrado diferentes para ensinar novos métodos de uso e reciclagem de materiais; o ‘IDS-FunMat-Inno’, um projeto que quer criar doutoramentos preparados para inovação radical e empreendedorismo; e o ‘Extracthive’, que oferece o seu know-how aos players industriais que enfrentam problemas de recuperação e reciclagem de resíduos.Nova
Em busca de uma UE independente nas matérias-primas
Depois da criação das Comunidades de Inovação do Conhecimento (CCI) para as áreas das alterações climáticas, energias renováveis e TIC, as matérias-primas foram o novo desafio anunciado pelo EIT no início de 2015. O ‘EIT Raw Materials’ tem como meta introduzir novas soluções, produtos e serviços que possibilitem explorar, extrair, processar e reciclar matérias-primas de forma sustentável. Um dos grandes objetivos do ‘EIT Raw Materials’ é tornar “o desafio da dependência das matérias-primas uma força estratégica na Europa”.
“Na União Europeia, há um grande gap entre o que consumimos e o que produzimos ou temos disponível. Estamos a falar de uma diferença de 25% de consumo para 4% de produção. O nosso desafio é encontrar soluções através da inovação para tirarmos maior proveito dos minerais que temos ao nosso dispor”, explica Didier Zimmermann. “Queremos tornar a Europa menos dependente da China, América do Sul, Austrália e África do Sul e, com isso, criar novos postos de trabalho em todo o continente ligados às várias fases de tratamento das matérias-primas, bem como impulsionar a competitividade, o crescimento e a atratividade do setor”, defendeu aquele responsável.
O ‘EIT Raw Materials’ é o maior consórcio no setor de matérias-primas em todo o mundo, e conta com a participação de mais de 120 parceiros.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com