Abastecer a despensa de bens alimentares essenciais já custa mais de 219 euros às famílias portuguesas. Desde fevereiro, o preço do cabaz alimentar já aumentou mais de 35,44 euros. O alerta é da Deco Proteste que dá conta de que os aumentos se têm feito sentir em todas as categorias alimentares, e têm sido, sobretudo, o peixe, os lacticínios e a carne os que mais têm visto os seus preços subir, numa altura em que a inflação já atingiu os 9,9%, a taxa mais elevada em quase 30 anos. Comprar um quilo de pescada fresca pode agora custar mais de 11 euros, um aumento de 5 euros face ao início do ano.
Segundo esta entidade de defesa do consumidor, o peixe e os laticínios são as categorias com os maiores aumentos nos últimos nove meses com subidas de 22,64% e 22,10%, respetivamente. E dá aqui conta de que, entre 23 de fevereiro e 7 de dezembro, o preço da pescada fresca registou um aumento de 83 pontos percentuais. Um quilo de pescada fresca custa agora 11,04 euros, mais 5,01 euros do que a 23 de fevereiro, véspera do início do conflito armado com a Ucrânia.
Fazendo as contas a apenas um quilo de salmão, de pescada, de carapau, de peixe-espada-preto, de robalo, de dourada, de perca e de bacalhau, o consumidor pode agora ter de gastar, em média, 73,97 euros. A 23 de fevereiro deste ano, pagaria 60,31 euros, diz a Deco Proteste. Já para comprar uma embalagem de queijo curado fatiado, uma caixa de seis ovos de galinhas criadas ao ar livre de classe M/L, um pack de oito iogurtes de aroma, um pack de quatro iogurtes líquidos de morango, uma embalagem de manteiga com sal, uma embalagem de queijo flamengo fatiado e um litro de leite UHT meio-gordo, o gasto pode ser, em média, de 14,01 euros. Há nove meses a despesa seria de 11,48 euros.
No entanto, realça, os aumentos têm-se feito sentir em todas as categorias alimentares analisadas. No mesmo período, os preços subiram também na carne (mais 21,12%), nas mercearias (mais 17,79%), nas frutas e legumes (mais 14,72%) e nos congelados (mais 10,62%).
Os dez produtos com maiores subidas
Desde 23 de fevereiro, a Deco Proteste tem monitorizado todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais. Esta análise tem revelado aumentos quase todas as semanas, com alguns produtos a registarem subidas de preços de dois dígitos de uma semana para a outra.
Na última semana, entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro, os dez produtos com maiores subidas de preço foram: a polpa de tomate (mais 16%);os cereais (mais 11%); o pão de forma sem côdea (mais 9%); o salmão (mais 7%); a perca (mais 7%); o esparguete (mais 7%); o sal grosso (mais 6%); o queijo flamengo fatiado (mais 5%); a maçã gala (mais 4%); e o queijo curado (mais 4%).
Aumento de preços faz disparar a taxa de inflação
Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como os combustíveis e a alimentação, estão a contribuir para um aumento da taxa de inflação. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação chegou aos 9,9% em novembro deste ano, taxa inferior em 0,2 pontos percentuais à observada no mês anterior.
Ainda assim, o indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) terá registado uma variação de 7,2% (7,1% no mês precedente), o valor mais elevado desde dezembro de 1993.