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Cabo Verde tem de deixar combustíveis fósseis e não pode pagar fatura sem responsabilidades, diz PM

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que o país tem de “sair da dependência” dos combustíveis fósseis e não pode “pagar” pelas consequências económicas de situações em que não tem responsabilidade.
24 Março 2022, 13h47

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que o país tem de “sair da dependência” dos combustíveis fósseis e não pode “pagar” pelas consequências económicas de situações em que não tem responsabilidade.

Ao intervir na abertura da terceira Feira Internacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética (FIEREE), que começou hoje na Praia, o chefe do Governo cabo-verdiano recordou que “desde 2016” que a aposta nas energias renováveis em Cabo Verde – que já representam 20% da produção total de eletricidade no país – foi definida pelo atual executivo “como um propósito acelerador da resiliência da redução das vulnerabilidades e da redução dos choques externos”.

“Hoje tenho a impressão que ninguém no mundo tem dúvidas de que este é o caminho e deve ser seguido com muita perseverança, com muita intensidade, para não estarmos a pagar preços relativamente a situações que acontecem que não são da nossa responsabilidade, que não têm nenhuma contribuição nossa, mas que afetam fortemente a economia, afetam fortemente a vida das pessoas, afetam fortemente o crescimento económico”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

Na FIEREE 2022 participam, até sábado, cerca de 40 expositores provenientes do Canadá, Portugal, Alemanha, República Checa e países da região da África Ocidental, num tema que, sublinhou Ulisses Correia e Silva, ganhou “centralidade acrescida com a guerra na Ucrânia”, face à escalada de preços da energia.

Só até ao final de fevereiro, os preços dos combustíveis já tinham duplicado, em termos homólogos.

A feira acontece por isso, apontou, “num momento oportuno”, em que Cabo Verde “é chamado a ser mais uma vez resiliente, perante as adversidades que o mundo atravessa”, além dos anteriores objetivos ambientais e climáticos.

“Sentimos, nunca como antes, os efeitos do choque energético através dos impactos nos preços dos combustíveis, na inflação, no rendimento e no crescimento económicos. Falo do efeito conjugado da crise pandémica que ainda acontece e da invasão e da guerra na Ucrânia”, disse.

Ulisses Correia e Silva pediu que “para além dos discursos”, a feira permita “concretizar investimentos e parcerias”, tendo em conta a aposta “prioritária” de Cabo Verde na transição energética, para “reduzir a dependência e a fatura energética” do país.

“Temos matéria-prima em abundância: sol, vento e mar. Então, temos que juntar a tecnologia, conhecimento, regulação e regulamentação de mercados, incentivos e parcerias para investimentos privados”, disse ainda.

O Governo cabo-verdiano definiu a meta de o país atingir até 2030 mais de 50% da energia elétrica produzida por fontes renováveis (eólica e solar) e até 2026 pretende ter um quarto da frota automóvel nacional composta por veículos elétricos, que sobe para 30% nas viaturas a adquirir pela administração pública.

Até 2050, o objetivo é ter 100% de mobilidade elétrica no país.

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