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Caixa BI estima que lucro da Impresa deverá ter subido 73%, com redução de custos

Esta estimativa não tem em conta os potenciais efeitos da venda do negócio das revistas a Luís Delgado, por 10,2 milhões de euros. “Não estamos a considerar nas nossas estimativas a eventual contabilização de imparidades relacionadas com a alienação do negócio das revistas”, dizem os analistas.
  • Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa.
5 Março 2018, 11h34

Os resultados líquidos da Impresa deverão ter subido cerca de 73% no ano passado, face a 2016, para 4,8 milhões de euros, estimam os analistas do Caixa BI, advertindo, no entanto, que a venda do negócio das revistas faz com que os resultados possam ser muito diferentes.

A evolução estimada é justificada pela redução dos custos operacionais, que deverão ter caído 2,9%, para 185 milhões de euros.

“Apesar de estimarmos uma performance limitada para as receitas, prevemos uma melhoria no EBITDA e no resultado líquido suportadas pela queda dos custos operacionais”, refere o Caixa BI.

As receitas deverão ter caído 1,7%, para 202,4 milhões de euros, com o principal negócio do grupo, a televisão, a decair 1,5%, para 153,9 milhões de euros, enquanto na área de publishing, a quebra de receitasmedi foi mais acentuada, de 2,6%, para 47,1 milhões de euros.

Mesmo assim, beneficiando da redução dos custos operacionais, os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) terão subido 13%, para 17,5 milhões de euros, e a margem EBITDA melhorado em 1,2 pontos percentuais, para 8,7%.

No entanto, os analistas deixam um aviso: “Não estamos a considerar nas nossas estimativas a eventual contabilização de imparidades relacionadas com a alienação do negócio das revistas que ocorreu no final do ano passado e que poderão levar a desvios significativos face às nossas previsões”.

 

Revistas vendidas por 10,2 milhões

As revistas do grupo Impresa – entre as quais as semanais Visão e Caras e a mensal Exame – foram vendidas à Trust in News, de Luís Delgado, por um montante de 10,2 milhões de euros, no início deste ano.

No comunicado divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a Impresa anunciava o valor, mas esclarecia que “o impacto contabilístico” ainda não estava “totalmente avaliado”.

“Decorrente deste valor, a IMPRESA estima incorrer em imparidades do ‘goodwill’, que estão em fase de quantificação, de custos de reestruturação, para além da avaliação do impacto fiscal”, acrescentava.

Em comunicado, tanto o grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão como a empresa de Luís Delgado – Trust in News – anunciaram a formalização do acordo, com efeitos desde 1 de janeiro de 2018.

“A IMPRESA S.A, celebrou, nesta data, um contrato de transmissão do negócio atinente às publicações Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Junior, a favor da sociedade Trust in News, Unipessoal, Lda (…)”, informou a Impresa, em comunicado divulgado através da CMVM.

Com esta venda, a IMPRESA passa a deter como únicos ativos de media a estação televisiva SIC, o semanário Expresso e o órgão especializado em música Blitz, já só em versão digital.

 

4 milhões em cortes previstos para este ano

A Impresa Publishing, que edita o “Expresso” e a “Blitz”, quer reduzir os custos em quatro milhões de euros em 2018, já depois de concretizada a venda das revistas do grupo ao empresário Luís Delgado, apurou o “Jornal Económico” junto de diferentes fontes.

Num comunicado interno, a que o Jornal Económico teve acesso, a comissão de trabalhadores da Impresa diz que a administração do grupo definiu como “imperativo obter uma poupança de 4 milhões de euros, com vista a assegurar a rentabilidade da publicação ‘Expresso’ e marcas adjacentes já a partir de 2018”.

Fontes do grupo de media contactadas apontaram a saída de 10 jornalistas do jornal “Expresso” e 30 trabalhadores de outros departamentos. Referiram que foi aberto um programa de rescisões e que os serviços da empresa contactaram directamente jornalistas para aderirem. Um comunicado da comissão de trabalhadores confirma que “a administração da Impresa Publishing continua a abordar trabalhadores incitando-os a rescindir o seu contrato com a empresa e pressionando-os à tomada de uma decisão”.

Segundo informação que a comissão de trabalhadores atribui à administração da Impresa, a reestruturação em curso não será concretizada “apenas com pessoal”, mas também “em outras áreas, tais como rendas, fornecedores, etc.”.

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