“Não excluímos o cenário em que a Sonae repensa a sua parceria com Isabel dos Santos na ZOPT, o que pode levar a algumas alterações na governação da empresa”, escrevem os analistas do Caixabank/BPI numa nota publicada esta terça-feira.
A ZOPT é a sociedade detida pela Sonaecom, do grupo Sonae, e pela Kento Holding Limited, controlada pela empresária angolana, que detém 52,15% da empresa de telecomunicações NOS.
No entanto, os analistas destacam que a equipa de gestão da NOS foi recentemente eleita. “Não antecipamos nenhuma grande mudança que podia interromper as operações das empresas”, afirmam, na nota a que o Jornal Económico teve acesso.
O Caixabank/BPI aponta que as preocupações da Sonae devem-se a “questões reputacionais e a possíveis sentimentos negativos por parte dos investidores em relação à NOS devido às notícias recentes” sobre o Luanda Leaks.
Depois das revelações sobre os negócios e operações da empresária, a Sonae veio a público na segunda-feira dizer que “está a acompanhar a situação com atenção e preocupação, sobretudo dadas as alusões feitas a vários membros não executivos do Conselho de Administração da sua participada NOS”.
“Os órgãos competentes da sociedade estão a avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência. A NOS sempre se pautou por regras de governo societário exigentes, que vêm sendo estritamente cumpridas e continuarão a sê-lo”, segundo o comunicado.
A investigação levada a cabo pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) que contou com a participação de 36 meios de comunicação social de 20 países expôs os negócios realizados pela empresária Isabel dos Santos.
Fruto desta colaboração, o caso Luanda Leaks fez várias revelações a partir de 715 mil documentos que foram obtidos inicialmente pela Plataforma para Proteger Denunciantes em África (PPLAAF, na sigla original) que os partilhou com o ICIJ. Em Portugal, o consórcio ICIJ é integrado pelo jornal Expresso e a televisão SIC.
Fora do universo Sonae, o banco EuroBic decidiu cancelar relações comerciais com as empresas controladas por Isabel dos Santos. A empresária é a acionista maioritária deste banco, com 42,5%. A instituição é liderada por Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças durante o Governo de José Sócrates.
Por sua vez, o Banco de Portugal veio a público dizer que “considera todos os factos novos que possam ser relevantes para efeitos de avaliação/reavaliação da adequação de quaisquer pessoas que exerçam funções de administração/fiscalização ou sejam acionistas de instituições por si supervisionadas”.
https://jornaleconomico.pt/noticias/sonae-diz-se-preocupada-com-o-luanda-leaks-537714
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