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Câmara do Seixal afirma que Governo “está a cometer um erro” com aprovação de novo aeroporto

“Vamos ter impactos brutais sobre a avifauna do Tejo e em Alcochete acontecia com menor impacto. A pista do Montijo terá limitações e isso, em Alcochete, não aconteceria”, sustentou o presidente da Câmara do Seixal
31 Outubro 2019, 14h09

O presidente da Câmara do Seixal afirmou hoje que o Governo “está a cometer um erro” ao viabilizar o novo aeroporto do Montijo, devido aos “impactos gravíssimos sobre as populações”, desafiando o Estado a desistir desta opção.

Para Joaquim Santos (CDU), o parecer positivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “já era um ato esperado”, no entanto, “não afasta a questão central que é o país estar a cometer um erro”.

Há 10 anos, recordou, foi feita uma Avaliação Ambiental Estratégica que estudou várias opções, tendo elegido Alcochete e “reprovado o Montijo”.

A proposta de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) sobre a construção do novo aeroporto na Base Aérea n.º 6, no Montijo, no distrito de Setúbal, foi emitida esta quarta-feira com uma decisão “favorável condicionada”, que viabiliza o projeto.

Contudo, na visão do autarca, o Governo está a “calcinar uma solução que tem impactos gravíssimos sobre as populações”, defendendo a alternativa Campo de Tiro da Força Aérea Portuguesa, que se localiza entre os concelhos de Alcochete (também no distrito de Setúbal) e de Benavente (distrito de Santarém).

“Vamos ter impactos brutais sobre a avifauna do Tejo e em Alcochete acontecia com menor impacto. A pista do Montijo terá limitações e isso, em Alcochete, não aconteceria. Do ponto de vista do investimento, 800 milhões de euros, com o mesmo dinheiro far-se-ia mais obra em Alcochete. Lá estamos a falar de uma área firme e no, Montijo, há uma parte da pista que tem de ser feita dentro de água”, apontou.

Desta forma, Joaquim Santos considerou que se trata de um estudo “feito à medida, com conclusões ridículas e medidas de mitigação ridículas”.

O documento emitido pela APA prevê soluções de mitigação que ascendem a 48 milhões de euros, incluindo 7,2 milhões para áreas de compensação física para as aves, entre 15 e 20 milhões de euros para isolar acusticamente os edifícios, a construção de novas acessibilidades à ponte Vasco da Gama e dois novos barcos para a Transtejo, no valor de 10 milhões de euros.

“Por que razão vamos gastar 20 milhões de euros a insonorizar casas quando podemos não gastar esse dinheiro? Por que razão vamos afastar as aves que hoje ficam na zona envolvente no Montijo? Vamos comprar umas salinas para dizer às aves para se mudarem para lá? Não faz qualquer sentido. Vou comprar dois barcos? Faz-se um novo aeroporto e a medida de mobilidade são dois barcos? É ridículo”, defendeu.

Por estes motivos, o autarca do Seixal (um dos concelhos vizinhos ao do Montijo) desafiou o Governo a “desistir do Montijo” e a avançar para a construção no Campo de Tiro de Alcochete, um terreno do Estado onde o projeto teria “o mesmo valor, menos impacto e perspetivas de crescimento de futuro”.

Da mesma opinião é o presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal e da Câmara Municipal da Moita, Joaquim Santos (CDU), que considerou hoje que a APA “foi levada” a dar parecer positivo ao aeroporto do Montijo, reafirmando que o Campo de Tiro de Alcochete seria uma melhor opção.

Pelo contrário, o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta (PS), referiu que está “otimista” com o parecer favorável condicionado da APA: “Vejo com otimismo e com uma perspetiva positiva esta avaliação de impacto ambiental, uma das mais participadas de sempre e em que se discutiram grande parte dos assuntos e dos chamados impactes ambientais do aeroporto”, disse.

Em 08 de janeiro, a ANA – Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Aeroporto Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo num novo aeroporto.

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