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Caos na Venezuela: Nicolás Maduro apela a (novo) diálogo com a oposição

O apelo do presidente surge depois de durante o dia a “mãe de todas as manifestações” ter oposto forças legais ao regime, que terá feito pelo menos três mortos e doze feridos.
20 Abril 2017, 10h26

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou esta quarta-feira à noite a oposição para um novo diálogo, depois de durante o dia milhares de venezuelanos terem saído à rua para protestar contra o caos em que a economia do país mergulhou. Pelo menos três pessoas terão morrido e outras doze terão ficado feridas durante a manifestação que opôs forças legais ao regime e a oposição e foi designada como a “mãe de todas as manifestações”.

Diante de milhares de simpatizantes na Avenida de Bolívar, em Caracas, Nicolás Maduro disse estar pronto para se reunir e “ver-se cara a cara com os porta-vozes da oposição, para dizer-lhes quatro verdades, outra vez, e pedir-lhes, em nome de milhões de homens e mulheres da Venezuela, que retifiquem e que terminem com a violência e o golpismo”.

“Dou-lhes todo o poder para convocar, nas próximas horas e dias, com elevação e com honra, todos os setores da oposição que queiram sentar-se a dialogar sobre o futuro do país e pela paz”, sublinhou o presidente.

Nicolás Maduro diz ainda que entre as centenas de manifestantes detido está um dos responsáveis pelo “golpe de Estado” levado a cabo esta quarta-feira, conhecido como “El Jefferson”. O suspeito foi “capturado com armas, explosivos e planos de violência” e “está como Pavarotti (a ‘cantar’ informações)”. “Estamos a desmantelar um golpe de Estado terrorista e violento”, acrescenta.

A detenção vem na sequência da saída de milhares de cidadãos venezuelanos às ruas das principais cidades do país para protestar contra um decreto do Supremo Tribunal para se proceder à retirada do poder legislativo à Assembleia Nacional – que é constituída na sua maioria por partidos da oposição. O tribunal rapidamente voltou atrás na decisão, mas ainda assim não foi suficiente para conter a ira dos venezuelanos, que se vêm confrontados com uma grave crise financeira e um regime político instável e repressivo.

Contrariamente ao que se verifica nos outros anos em que os venezuelanos saiem à rua a 19 de abril para comemorar os primeiros passos dados em direção à independência do domínio espanhol, este ano o dia ficou marcado pelos protestos a pedir a demissão do atual Governo “ditatorial” de Nicolás Maduro e a realização de eleições livres. Ao mesmo tempo, forças leais a Maduro manifestaram-se a favor do regime, o que originou vários confrontos violentos.

Os disparos feitos por um grupo de motociclistas afetos ao Governo terão vitimado um jovem de 17 anos, que se encontrava entre os manifestantes. Dois outros cidadãos (um homem e uma mulher) terão sido também baleados fatalmente, embora não seja conhecida a autoria dos disparos. Outras doze pessoas terão ficado feridas, na sequência dos protestos.

A imprensa internacional dá conta de que a Guarda Nacional Bolivariana terá reprimido as manifestações contra-regime com bombas de gás lacrimogéneo e terão procedido a detenções indiscriminadas.

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