Está instalada a polémica entre a confederação dos agricultores e o Conselho Nacional da Água.
No passado sábado, dia 24 de setembro, numa entrevista concedida pelo Secretário-Geral do Conselho Nacional da Água à “Lusa”, Joaquim Poças Martins fez um conjunto de afirmações que agora a Confederação dos Agricultores de Portugal apelida de “falsas” e de serem “acusações graves que merecem resposta e repúdio”.
O Conselho Nacional da Água é o órgão independente de consulta do Governo português no domínio do planeamento e da gestão sustentável da água.
Nessa entrevista, o responsável alertou que a “água de graça” e subsídios dados aos agricultores “são perversos” e que é preciso “uma mudança de paradigma” na agricultura portuguesa.
Nas palavras de Poças Martins, “a rega em Portugal não é feita de forma parcimoniosa pelos agricultores porque não se fazem contas”,
“Em Portugal praticamente não se paga pela água para a Agricultura e não se mede a água e por aquilo que não se mede nem se paga, não se poupa”, frisou.
A CAP vem agora responder dizendo que afirmações como “a generalidade dos agricultores como tem a água barata e como estão, permanentemente, habituados a muitos subsídios, não são eficientes (…), os subsídios são perversos” ou que “a maior ajuda em Portugal aos agricultores, mas que talvez não seja ajuda, é dar água de graça, porque a água de graça é perversa”, e que “não estimula o desenvolvimento, não estimula a poupança, não estimula a eficiência”, não são verdadeiras.
“Tratam-se de acusações gratuitas, enganadoras, ilusórias e insultuosas, cuja conjugação e mistura apenas confunde as pessoas e adia o problema de proporções gigantescas que Portugal tem entre mãos”, refere. “São afirmações caluniosas, irresponsáveis, que desprezam os agricultores e o esforço do seu trabalho na produção de alimentos e na viabilização dos seus investimentos, revelando um profundo desconhecimento do sector, o que é muito grave atendendo ao cargo que exerce”, acrescenta a organização que representa o sector agrícola.
“A temática da água, do seu bom uso e utilização como recurso, é um assunto levado muito a sério pelos agricultores e demasiado importante para se subordinar a declarações falsas e difamatórias de um único responsável, que para expressar a sua visão deturpada do sector agrícola, faz uma utilização abusiva do cargo institucional que ocupa”, indica ainda a confederação.
Eduardo Oliveira e Sousa, como representante da CAP no Conselho Nacional da Água, irá intervir na próxima reunião deste órgão, que terá lugar no próximo dia 3 de outubro, presidida pelo ministro do Ambiente, “onde apresentará uma declaração de protesto quanto ao conteúdo das afirmações proferidas, inadmissíveis num cargo”, anuncia a entidade em comunicado.
No Conselho Nacional da Água têm assento mais de 50 pessoas, entre representantes da Administração Pública Central, regional e local; da academia, de organizações científicas, económicas, profissionais e não governamentais mais representativas nos usos da água; e de personalidades de reconhecido mérito no domínio dos recursos hídricos.
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