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Jerónimo Martins vale mais de 30 vezes em bolsa ao fim de 30 anos

Nestes últimos 30 anos, a Jerónimo Martins passou de vendas de 658,4 milhões de euros em 1989, a valores constantes, para uma previsão de 18.463,9 milhões de euros no presente exercício, um crescimento de 28 vezes.
  • Cristina Bernardo
14 Novembro 2019, 19h44

A capitalização bolsista da Jerónimo Martins multiplicou-se mais de 30 vezes (33,13 vezes) ao longo dos 30 anos em que o grupo nacional de distribuição está cotado na Bolsa de Lisboa.

A celebração do 30º aniversário da Jerónimo Martins na bolsa portuguesa, que se comemorou hoje, dia 14 de novembro, numa sessão ocorrida na Euronext Lisboa, serviu de pretexto para revisitar os marcos históricos deste grupo e acompanhar a sua evolução desde 1989.

Nesse período, a Jerónimo Martins passou de vendas de 658,4 milhões de euros em 1989, a valores constantes, para uma previsão de 18.463,9 milhões de euros no presente exercício, um crescimento de 28 vezes.

O EBITDA passou de 39,1 para 1.1015,5 milhões de euros no período em análise, uma multiplicação de 26 vezes.

Por seu turno, o resultado líquido da Jerónimo Martins passou de 23,2 milhões de euros em 1989 para uma estimativa de 405 milhões de euros em 2019, um crescimento de 17,5 vezes.

Por fim, a capitalização bolsista passou de 293,4 milhões de euros para uma previsão de 9.722,6 milhões de euros, um crescimento de 33,13 vezes no período em causa.

Nestes últimos 30 anos, o Grupo Jerónimo Martins transformou-se por completo. De operações apenas em Portugal, enveredou por um processo de internacionalização, com atividade atual na Polónia e na Colômbia.

Pelo caminho, foram abertas mais de 4.200 lojas e mais de 100 mil colaboradores juntaram-se ao grupo.

Como referido, as vendas aumentaram 18 mil milhões de euros.

A Jerónimo Martins comemorou esta tarde o 30º aniversário da entrada na Bolsa de Valores, com uma cerimónia simbólica do toque do sino na Euronext, em Lisboa, com a presença da sua presidente, Isabel Ucha, e do presidente e administrador-delegado do Grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos.

“A decisão, em 1989, de abrir parte do capital de Jerónimo Martins ao mercado permitiu a reorganização da estrutura accionista, a afirmação de uma liderança clara e o financiamento necessário à execução de uma estratégia de crescimento, dentro e fora de Portugal. A entrada na Bolsa exigiu da gestão um compromisso de transparência, uma disciplina reforçada e o aperfeiçoamento de uma cultura de diálogo e de prestação de contas, não apenas relativamente aos accionistas como também em relação a todas as partes interessadas na vida e na actividade das empresas. De facto, a exposição que a presença no mercado de capitais acarreta reforça a auto-exigência e o sentido de responsabilidade das empresas”, assinala um comunicado do grupo.

Sobre esta ocasião, Pedro Soares dos Santos destaca: “tenho orgulho da nossa história de criação de valor e de, na maior parte destes 30 anos, termos sabido estar à altura das expectativas daqueles que nos confiam o seu investimento”.

“Isto significa, claro, e em primeiro lugar, sermos rentáveis. Contudo, a forma como chegamos aos resultados que entregamos e o respeito por critérios ambientais e sociais nas nossas decisões de negócio são fundamentais. Na última década, a presença de Jerónimo Martins em muitos dos principais índices internacionais de sustentabilidade é, para nós, simultaneamente fonte de satisfação e de responsabilidade acrescida”, defende o CEO do Grupo Jerónimo Martins.

Pedro Soares dos Santos garante ainda que “é esta história de crescimento e criação de valor ao longo de três décadas no mercado de capitais que se procurou resumir no mote da campanha de publicidade institucional (imprensa escrita e meios ‘online’), sob o mote ‘Quando fazemos as contas ao tempo, damos-lhe muito valor'”.

O presidente do Grupo Jerónimo Martins acrescenta ainda que “ao longo do tempo, e sobretudo nos momentos de maior pressão, a estabilidade conferida pela existência de um accionista maioritário de natureza familiar tem permitido à gestão nunca abdicar de um sentido de longo prazo e da centralidade dos valores nas tomadas de decisão”.

O primeiro momento da transformação mais recente do Grupo Jerónimo Martins ocorreu com a entrada em bolsa, em 1989.

Na altura da dispersão de capital – uma OPV – Oferta Pública de Venda de 561 mil ações correspondentes a 15% do capital – com o lema ‘Partilhe connosco o gosto do sucesso’, a empresa ‘holding’ designava-se Estabelecimentos Jerónimo Martins & Filho e faturava 83 milhões de contos (cerca de 415 milhões de euros) ao ano.

O seu universo integrava empresas como a Pingo Doce, Fima, Iglo, Lever Portuguesa, Recheio e Jerónimo Martins.

A OPV foi organizada e liderada pelo BPI – Banco Português de Investimentos, que tomou firme a operação, em conjunto com o Banco de Fomento Nacional e o Banco Totta & Açores.

No final da cerimónia de toque do sino, foi oferecido um livro comemorativo, “Jerónimo Martins – 30 anos na Bolsa de Valores”.

Nesse livro, Artur Santos Silva, à altura presidente do BPI, testemunha: “importa sublinhar que a abertura do capital da Jerónimo Martins foi a única operação significativa deste tipo realizada no mercado português por uma empresa privada após o ‘crash’ mundial no mercado de ações ocorrido em outubro de 1987, que atingiu ainda mais negativamente o mercado português”.

O segundo grande momento de transformação foi o início de internacionalização do Grupo Jerónimo Martins, recordado por Jorge Ponce de Leão, que foi administrador executivo do grupo entre 1987 e 2001: “ao lançar as suas operações na Polónia, a barreira psicológica da falta de dimensão desapareceu, prevalecendo a elevada qualidade do seu desempenho na área da distribuição alimentar”.

“Tal percepção refletiu-se de modo decisivo na segunda metade da primeira década [1994-1999], em que a capitalização bolsista é multiplicada por dez, quando as vendas crescem pouco mais do que 2,6 vezes”, realça Jorge Ponce de Leão.

Além destes testemunhos, o livro alusivo aos 30 anos da Jerónimo Martins recebeu ainda contributos de Pedro Soares dos Santos, atual CEO do grupo; Abel Sequeira Ferreira, presidente da AEM – Associação das Empresas Emitentes de Valores Cotadas em Mercado; Álvaro Santos Pereira, diretor de estudos na OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico; Carlos Moedas, ex-comissário europeu; Fernando Costa Lima, primeiro presidente da CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários; Gabriela Figueiredo Dias, atual presidente da CMVM; Isabel Ucha, presidente da Euronext; Luís Palha da Silva, administrador executivo da Jerónimo Martins entre 2001 e 2004 e presidente executivo entre 2004 e 2010; e Miguel Cadilhe, ministro das Finanças entre 1985 e 1990.

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