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Cápsula do tempo: PCI dissolveu-se e até a URSS para lá caminha

Subitamente, a 3 de Fevereiro de 1991, o Partido Comunista Italiano (o maior partido comunista da Europa pouco mais de dez anos antes) dissolveu-se, sendo substituído por um denominado Partido Democrata de Esquerda.
3 Fevereiro 2017, 10h00

O Partido Comunista Italiano (o maior partido comunista da Europa pouco mais de dez anos antes) dissolveu-se faz hoje 26 anos, sendo substituído por um denominado Partido Democrata de Esquerda e dando razão a quem achava que as convulsões por que passava na altura a URSS (cujo fim se iniciaria em agosto seguinte) acabariam por determinar a morte do comunismo. Tudo, nessa altura, parecia indicar isso mesmo: o Muro de Berlim tinha sido atirado ao chão dois anos antes, a cintura comunista em redor da União Soviética estava a desfazer-se, os dias magníficos dos PC’s europeus (principalmente do francês, do espanhol, do português, do grego e justamente do italiano) pareciam ter chegado ao fim e o povo que vivera décadas sob os comandos de ditaduras do proletariado queria era comprar calças de ganga, beber Coca Cola e jogar na Bolsa.

O Ocidente, cansado do frio da guerra que veio a seguir à Segunda, acenava com mesas fartas, empregos esplêndidos, segurança social, sindicatos livres e mini-saias. A realidade tratou de escurecer as cores fortes desse mundo portentoso que esperava os povos que não tinham conseguido unir-se para sempre como dizia uma das leis leninistas: afinal, o céu também podia ser escuro do lado de cá da Cortina de Ferro.

Poucos anos depois desse anúncio prematuro do fim do comunismo como modo de vida, os povos libertados da URSS perceberam que, contra todas as promessas, tinham caído na ratoeira da corrupção desenfreada, do lucro pornográfico e das mortes por encomenda. Pouco depois, a crise que ainda anda por aí derreteu alguns alicerces que vinham da década de 50 do século passado – a Segurança Social, as reformas, etc. – e de repente a palavra ‘comunismo’ deixou outra vez de fazer parte do léxico proibido.

Até em Itália, as coisas não correram como seria de esperar em 1991:Giorgio Napolitano, um dos expoentes do desaparecido PCI, acabaria por ser presidente da República entre 2006 e 2015. Gramsci voltou a poder dormir descansado.

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