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Cápsula do tempo: Viva o Rei

Filipe VI é, depois de Juan Carlos, o monarca da democratização, um Rei que ainda parece à procura do seu rumo. E com dossiers muito difíceis à sua espera.
  • REUTERS / Sergio Perez
30 Janeiro 2017, 07h40

Filipe VI de Espanha faz hoje 49 (Madrid, 1968), num país que ainda está a sair da ressaca de muitos meses sem um governo legitimado por eleições – mas que, paradoxalmente (pelo menos para alguns) conseguiu, nesse período, agregar um conjunto de indicadores macro-económicos de assinalável registo. Já se tinha passado o mesmo na Bélgica há uns anos atrás, o que, para os querem seguir por esse caminho, indica que o melhor para os agentes económicos é quando o poder político anda distraído com outra coisa qualquer.

Mas Filipe VI – que assumiu o poder depois de Juan Carlos, o monarca da democratização, ter abdicado – continua a ter no horizonte um reinado cheio de problemas. Com a sociedade em profunda transformação, onde avulta o crescimento de novos partidos até há bem pouco tempo improváveis numa geografia tão tradicional, o Rei continua ter na vontade independentista da Catalunha um enorme desafio. Que ninguém sabe ao certo como gerir.

As coisas não lhe têm corrido mal, mas Filipe VI já teve que se haver com matérias que, com toda a certeza, dispensava: os problemas causados à imagem da família Bourbon pela irmã Cristina e pelo cunhado Iñaki Urdangarin, ou facto de haver vários familiares implicados no Papama Pappers foram duas páginas negras por que teve de passar.

Para já, o seu tempo de reinado ainda não é suficiente para que se perceba até que ponto é ou não eficaz a sua magistratura de influência – num quadro constitucional onde parte substancial do poder que o seu pai chegou a ter já não está ao seu alcance. Mas, o certo é que, segundo as mais recentes sondagens – e o tema é constantemente avaliado por sondagens – a maioria dos espanhóis continua a gostar de viver em monarquia; e por uma margem que, no início dos anos 80 do século passado, era bem mais curta que a actual.

Filipe VI parece ter gosto, por outro lado, em dar sequência ao tradicional bom entendimento entre Espanha e Portugal. Esteve no funeral do antigo presidente Mário Soares e há pouco tempo concluiu uma visita ao país – onde não precisava de ter aturado a falta de chá do Bloco de Esque

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