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Carga movimentada nos portos nacionais em queda de 7,2%

Portos de Viana do Castelo e de Leixões, com a melhor marca de sempre no mês de setembro, estão em contraciclo. Porto de Sines é o principal responsável pela quebra das cargas, devido à greve dos estivadores no Terminal XXI que ocorreu de maio a agosto e às paragens programadas da central termoelétrica e da refinaria.
27 Novembro 2019, 15h13

A carga movimentada nos portos nacionais continua em queda, sendo Viana do Castelo e Leixões são os únicos em contraciclo, registando crescimentos no período de janeiro a setembro deste ano face ao período homólogo.

Segundo os dados divulgados, dia 27 de novembro, pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, os portos comerciais do Continente movimentaram, entre janeiro e setembro de 2019, um volume global de 65,6 milhões de toneladas, o que representou um decréscimo -7,2% face a igual período de 2018.

“Viana do Castelo e Leixões são os únicos portos a apresentar um comportamento positivo no período em análise, com Leixões a registar um volume global de 14,8 milhões de toneladas, a sua melhor marca de sempre”, destaca o comunicado da AMT, assinalando que “Sines continua a liderar com maioria absoluta o segmento dos contentores, com uma quota correspondente a 52,1% do total”.

De acordo com esse documento, “Sines é um dos principais responsáveis pelo desempenho negativo verificado nos portos nacionais, devido à greve dos trabalhadores portuários do Terminal XXI, que decorreu de maio a agosto, e à ocorrência de paragens programadas da central termoelétrica e da refinaria, o que reduz em quase -6,4 milhões de toneladas o movimento verificado na carga contentorizada, carvão e petróleo bruto (que representam um total de 82,4% do total de cargas ‘perdidas’)”.

“Por outro lado, Sines regista comportamentos positivos ao nível dos produtos petrolíferos (+1,2 milhões de toneladas) e de outros granéis líquidos (+255,9 mil toneladas), quando comparado com igual período de 2018. Estes dois em Sines, a par da carga contentorizada (+355 mil toneladas) e ‘Ro-Ro’ [automóveis] (+152,9 mil toneladas) em Leixões são os mercados que mais positivamente influenciaram o desempenho do sistema portuário”, destaca o comunicado da AMT.

Em contraciclo, encontram-se os portos de Viana do Castelo e de Leixões, com este último a registar em setembro a sua melhor marca de sempre. “São os únicos portos a registar desempenho positivo no período em análise crescendo, respetivamente, +19,1% e +1,9%, para volumes globais de 307,8 mil toneladas e de 14,8 milhões de toneladas”, destaca a instituição liderada por João Carvalho.

Nos primeiros nove meses deste ano, os portos de Lisboa, Figueira da Foz e Setúbal registam quebras de cerca -3,6%, -8,7% e -2,2%, respetivamente.

“O porto de Sines continua a liderar no movimento global portuário, embora com os recuos verificados nos últimos meses, com uma quota de 47,9% (-6,5 pontos percentuais face à sua quota máxima registada em 2016), seguido de Leixões (22,5%), Lisboa (13,1%), Setúbal (7,4%) e Aveiro (6,2%)”, adianta a AMT, acrescentando que “entre janeiro e setembro deste ano, o movimento de contentores registou uma quebra global de -7,7% no volume de TEU [medida padrão equivalente a  contentores com 20 pés de comprimento], apresentando um movimento total de 2,08 milhões de TEU. Este desempenho é explicado pelo desempenho negativo de Sines e Setúbal (-17,2% e -3,2%, respetivamente) e positivo de Leixões, Lisboa e Figueira da Foz (+8,2%, +4,6% e +5,5%, respetivamente)”.

AAMT recorda o peso que o tráfego de ‘transhipment’ representa no volume de contentores movimentados em Sines, apesar de ter vindo a diminuir nos últimos meses.

Em setembro, esse tráfego acumulava uma redução de 27,9%, mas ainda representava 68,3% do total no porto.

Por outro lado, o volume de TEU com origem e destino no ‘hinterland’ do porto registou um crescimento de 21,6% no período em análise.

“Não obstante o seu recente comportamento negativo, Sines mantém a liderança neste segmento de mercado, com uma quota de 52,1%, inferior em seis pontos percentuais à que registava no período homólogo de 2018, seguido por Leixões, com 25%, Lisboa com 17% e Setúbal com 5,1%”, observa o comunicado da AMT.

A entidade reguladora do setor dos transportes revela ainda que, no que respeita ao movimento de navios, comparativamente ao período janeiro-setembro de 2018, os nove primeiros meses de 2019 observaram um decréscimo de 0,5% no número de escalas (8.025 escalas), bem como uma diminuição no volume de arqueação bruta de 0,9% (para cerca de 151,8 milhões).

“Os portos de Viana do Castelo e Lisboa foram os únicos portos que registaram um crescimento no número de escalas de, respetivamente, +10,8% e +5,7%”, precisa o comunicado da AMT, ressalvando que “o desempenho negativo global a que se assistiu no período janeiro-setembro de 2019 resulta da conjugação de quebras verificadas nos volumes de carga embarcada e desembarcada, -10,3% e -5,2%, respetivamente, face a igual período de 2018”.

A AMT releva ainda que a carga contentorizada e a carga ‘Ro-Ro’ em Leixões, os outros granéis líquidos em Sines e os minérios em Setúbal contribuíram significativamente para o impacto positivo das operações de embarque, registando, respetivamente, +350,7 mil toneladas, +57,4 mil toneladas, +59,2 mil toneladas e +64 mil toneladas.

“Com impacto negativo nos embarques destaca-se a carga contentorizada e os produtos petrolíferos em Sines (-1,7 milhões de toneladas e -1,1 milhões de toneladas), os outros granéis sólidos em Lisboa (-226,8 mil toneladas), a carga fracionada em Setúbal (-157,9 mil toneladas) e os produtos petrolíferos em Leixões (-139,1 mil toneladas)”, destaca o comunicado da AMT.

No que diz respeito às operações de desembarque, a AMT salienta as variações positivas dos produtos petrolíferos em Sines, com acréscimos de 2,3 milhões de toneladas, representando 71,2% do total das variações positivas.

“Com menor expressão, os outros granéis líquidos em Sines registam também um acréscimo de +196,8 mil toneladas. A carga contentorizada (-1,9 milhões de toneladas), o petróleo bruto (-1,8 milhões de toneladas) e o carvão (-953,1 mil toneladas) em Sines, bem como o petróleo bruto (-197,8 mil toneladas) em Leixões, contribuíram para as variações negativas registadas nestas operações”, explica o referido comunicado.

A AMT refere ainda que “Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os portos que apresentam um perfil de porto ‘exportador’, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 61,2%, 70,2%, 54,2% e 100%, respetivamente”.

“No seu conjunto, estes quatro portos representam uma quota de carga embarcada de 15,2% (10,2% destes respeitam a Setúbal)”, conclui a AMT.

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