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Carlos Costa: “Níveis de ativos não produtivos geram desconfiança sobre os balanços”

O Governador do Banco de Portugal é um dos oradores do Fórum Banca 2018, organizado pela consultora PwC e pelo Jornal Económico. Carlos Costa salientou que os ativos não produtivos em Portugal são “ainda elevados face a outras jurisdições”.
  • Cristina Bernardo
29 Novembro 2018, 10h23

O Governador do Banco de Portugal (BdP) afirmou esta quinta-feira que a banca nacional concentra ainda vulnerabilidades, entre as quais constam os níveis de ativos não produtivos – “ainda elevados face a outras jurisdições” (em termos absolutos e relativos) – e a concentração de exposições à dívida pública, ao mercado imobiliário e a outras economias em desenvolvimento.

As fragilidades enumeradas por Carlos Costa, no Fórum Banca 2018, “penalizam a rendibilidade e tendem a gerar desconfiança sobre a robustez dos balanços dos bancos”. “Não obstante o facto de a valorimetria adotada respeitar as regras contabilísticas e prudenciais aplicáveis numa lógica de going concern”, acrescentou, no evento organizado pela consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) e pelo Jornal Económico.

Segundo o regulador bancário, tais riscos acabam por gerar menor rácio de price-to-book-value, maior dificuldade para ter aumentos de capital e maior custo de colocação de instrumentos de dívida. “Esta situação dificulta o cumprimento dos requisitos mínimos de fundos próprios e passivos elegíveis e limita a capacidade para conceder crédito”, defendeu à margem deste encontro de banqueiros e empresários.

O governador do BdP aproveitou a ocasião para lançar um apelo às instituições bancárias: que cumpram os planos de redução de ativos não produtivos, como têm feito, ganhem capacidade para reagir a um “eventual agravamento das exigências prudenciais” e “continuar a realizar ajustamentos de caráter estrutural, nomeadamente ao nível da redução dos custos operacionais”.

Na opinião do líder do banco central português, as entidades bancárias precisam também  de insistir na sua reorganização e na “redução do excesso de capacidade instalada”. “Só assim se poderão ajustar a um mercado maduro e à acelerada transformação em curso do modelo de negócio no que toca tanto aos processos de produção e de prestação de serviços como às preferências reveladas do lado da procura, nomeadamente em matéria de canais de distribuição presenciais e digitais”, assegura.

“A redução dos ativos não produtivos gerará maior confiança sobre a robustez dos balanços, sobre a rendibilidade e sobre a sustentabilidade das instituições, contribuindo para uma melhoria da sua valorização pelos mercados. Ganham todas as partes interessadas: os acionistas, os colaboradores, os clientes, os depositantes e, acima de tudo, o interesse público”, afirmou Carlos Costa, na conferência que decorre ao longo desta manhã no Pestana Palace, em Lisboa.

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