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Casal ucraniano carrega cão idoso durante 17 quilómetros até à fronteira da Polónia

“Parei carros e pedi ajuda, mas todos recusaram; aconselharam-nos a deixar os cães. Mas os nossos cães são parte de nossa família” e, por isso, o marido ia carregando o cão nos ombros. Quando ele estava cansado, Alice, com 35 anos, fazia-o. Até que chegaram à fronteira, e tiveram de deixar o marido para trás.
11 Março 2022, 20h00

Uma das histórias que tem sensibilizado as pessoas nas redes sociais é a da refugiada ucraniana Alice, 35 anos, e do seu pastor alemão Pulya, 12, depois de partilhar uma fotografia em que caminha com o cão idoso no ombro ao longo dos 17 quilómetros que faltavam para chegar à Polónia. Foi um esforço que partilhou com o marido, que teve de deixar na fronteira.

Segundo conta ao “The Guardian”, Alice morava em Kiev com a família e, durante a noite, teve que deixar tudo para trás para chegar a território seguro, incluindo o marido e os preparativos do funeral do pai, que morreu no dia 23 de fevereiro, um dia antes da invasão.

Alice é programadora e trabalha para uma empresa alemã, que a ajudou a deixar a Ucrânia para chegar à Polónia. “Saímos de Kiev num pequeno Peugeot 307. Éramos nove, eu, a minha mãe, a minha irmã, os nossos dois maridos, quatro filhos e dois cães grandes, incluindo o meu pastor alemão idoso. Era impossível mover-nos dentro do carro. Conduzimos por 16 horas até uma vila a cerca de 140 km de Kiev”.

Também não se sentiram seguros lá, pelo que sabiam que continuar o seu caminho. Mas, como sabiam que perto da fronteira com a Polónia havia filas intermináveis de carros e não conseguiam ficar no carro durante dias a fio, que estimou serem entre três a cinco dias, decidiram caminhar os últimos 17 quilómetros.

“Saímos às 4 horas da manhã – estavam sete graus negativos. Foi uma viagem difícil em torno de montanhas e rios. Os meus filhos choravam por causa do frio. Eu queria chorar também, mas não podia desistir… fui eu que tive a ideia de ir para a fronteira”, explicou.

E aí entrou também o problema de Pulya que, com 12 anos e meio, “lutava para andar e caía a cada quilómetro e não conseguia levantar-se novamente”.

“Parei carros e pedi ajuda, mas todos recusaram; aconselharam-nos a deixar os cães. Mas os nossos cães são parte de nossa família” e, por isso, o marido ia carregando o cão nos ombros. Quando ele estava cansado, Alice fazia-o.

Um caminho feito de desespero, dor e muito cansaço. Metro após metro, finalmente conseguiram chegar à fronteira onde, por um lado, tiveram de deixar os maridos devido à lei marcial e, por outro, foram recebidos em grandes tendas vermelhas, onde ficaram cerca de sete horas. “Mas quando demos os primeiros passos na Polónia e mostrámos os passaportes, foi então que percebi que estaríamos bem, que estávamos num sítio seguro”.

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