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‘Caso Marega’. “Patrocinadores da Liga param para pensar: vale a pena continuar a investir?”

Daniel Sá, diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) em Lisboa e especialista em marketing desportivo refere em declarações ao JE que o futebol português está a viver um “filme de destruição que somando este caso de racismo pode afestar adeptos e patrocinadores que são quem paga o futebol em Portugal”.
  • Hugo Delgado/EPA via Lusa
17 Fevereiro 2020, 15h43

Os insultos racistas de que foi alvo o jogador do FC Porto, Marega, no encontro deste domingo frente ao Vitória de Guimarães, representam “mais um episódio da triste longa metragem do futebol português nos últimos anos”. A afirmação é de Daniel Sá, diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) em Lisboa e especialista em marketing desportivo.

Em entrevista ao Jornal Económico, o responsável relembra que o futebol português nos últimos anos, “tem tido um caminho de quase auto-destruição, com e-mails, com VAR, os assaltos aos centros de treinos dos árbitros, o terrorismo de Alcochete, a presidência instável de Bruno de Carvalho, com Porto e Benfica em guerra diária fora dos relvados”.

Questionado sobre o impacto que esta situação poderá ter para o clube minhoto, Daniel Sá refere que “já percebemos o estilo da UEFA neste tipo de situações e em termos de sanções económicas vai haver um impacto muito direto no clube”. No que diz respeito ao futebol português tudo vai depender dos desenvolvimentos futuros: “ou acontece o que nós desejamos, que é isto ter sido um infeliz episódio e não tem seguimento ou isto nos próximos tempos vai repetir-se e passa a ser um problema generalizado”.

O diretor executivo vai mais longe e sublinha que o futebol em Portugal está “num filme de destruição que somando este caso de racismo pode afastar adeptos e patrocinadores que são quem paga o futebol em Portugal”, acrescentando que tudo isto acontece “num país que é campeão europeu de futebol, de futsal, de futebol de praia e que tem dos melhores treinadores e jogadores. Provavelmente estamos a viver desportivamente o pico mais alto, mas estamos em simultâneo a viver o pior dos cenários. Nunca tratamos tão mal um produto que gera tantos empregos e dinheiro em Portugal”.

Traçando um cenário otimista, Daniel Sá acredita que a situação vivida por Marega “podia ter a capacidade de gerar uma reflexão profunda e séria que o futebol português precisa de ter, porque compete na indústria do lazer, compete pelo tempo livre dos adeptos e pelos budgets de marketing dos patrocinadores”.

Até porque, caso contrário poderá existir um afastamento das marcas. “Os patrocinadores quando apostam em futebol querem duas coisas: visibilidade, mas também querem uma associação a um cenário positivo. Quando o futebol passa a vida a gerar momentos negativos, os patrocinadores param para pensar e seguramente questionam se vale a pena continuar a investir ou não”, explica Daniel Sá.

Daniel Sá deixa ainda críticas pela posição tomada pela direção do Vitória de Guimarães sobre este caso. “Esperava-se uma atitude mais enérgica. Neste tipo de situações não há outro caminho que não seja ser implacável com a situação. Estamos num cenário complicado não só para o Vitória, mas para o futebol português como um todo”.

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