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Catarina Marcelino: “As pessoas sabem que é errado ser racista, mas o preconceito está lá”

A deputada socialista e ex-secretária de Estado da Igualdade, Catarina Marcelino, é a relatora do documento que avalia as condições de racismo, xenofobia e descriminação étnico-racial em Portugal e explica que este problema deve ser resolvido com políticas públicas.
9 Julho 2019, 12h42

Intitulado “Relatório sobre Racismo, Xenofobia e Discriminação Étnico-racial em Portugal”, o documento de 30 páginas que será apresentado hoje em Assembleia da Républica identifica as áreas em que é necessário intervir. Uma das conclusões tiradas deste trabalho é que Portugal é um país em que há comportamentos racistas, mas de forma não assumida.

A deputada do PS, Catarina Marcelino é uma das redatoras do documento e referiu, esta manhã, em entrevista à SIC Notícias que “vivemos numa situação em que as pessoas não querem assumir. Existe muito aquela expressão “eu não sou racista, mas…” e isso traduz claramente a situação: as pessoas não assumem que são racistas. As pessoas sabem que é errado dizer que se é racista, mas o preconceito está lá. Isto não é fácil de combater”, afirmou.

De acordo com a informação do documento síntese preliminar, são feitas diversas recomendações para sete áreas distintas, entre contexto das políticas, participação política, justiça e segurança, educação, habitação, trabalho e emprego, e saúde.

No âmbito da justiça e segurança, o documento refere que é “uma das áreas mais sensíveis”, onde há uma “desconfiança das camadas mais jovens da população dos bairros (…) em relação às forças de segurança. Catarina Marcelino argumenta a necessidade de intervir nessa área, explicando que “nas visitas aos bairros há essa mensagem de que a polícia não é boa, que a polícia é o inimigo. O que precisamos é uma política publica ativa que aproxime as forças de segurança e as camadas mais jovens deste bairros”.

A deputada do PS vai entregar o documento antes das eleições à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias esta manhã. Presentes estarão a ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, a ministra da justiça Francisca Van Dunem e o secretário de Estado das Autarquias Locais Carlos Miguel. “É a primeira vez que é assumido em Parlamento esta questão desta maneira”, relembra a deputada o partido socialista.

“Na Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial foram apresentadas, em 2018, mais de 300 queixas, mas a verdade é que as condenações são sempre muito poucas”, informou. “Mas eu acho que não é pena punição que devemos seguir mas sim pela prevenção, pela política publica contra a discriminação e pela igualdade de oportunidade das pessoas. A punicação deve ser a ultima das estratégias”, rematou durante a entrevista.

A avaliação tem 30 páginas e nasceu de uma proposta do PS. As páginas foram redigidas com base em testemunhos de cerca de 31 entidades e personalidades, visitas a mais de 28 organizações e o parecer de 18 deputados de todos os partidos políticos com assento parlamentar

https://jornaleconomico.pt/noticias/relatorio-sobre-racismo-pede-quotas-nas-universidades-para-afrodescendentes-e-ciganos-465392

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