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Catarina Martins: “PS com maioria absoluta achou que chegara o seu momento cavaquista”

O PS de António Costa pode “vitimizar-se” mas, considerou, “não foram a covid e a guerra que criaram as dificuldades atuais” nem “nenhuma oposição que criou qualquer dos problemas que os ministros inventam”.
27 Maio 2023, 14h57

A coordenadora do BE apelidou o PS de “padrasto de todo o populismo”, considerando que os problemas estruturais do país foram agravados porque os socialistas acharam que, com a maioria absoluta, tinha chegado o seu “momento cavaquista”.

No discurso de despedida de líder do BE, que terminou com uma ovação de cerca de cinco minutos, de pé, dos delegados da XIII Convenção Nacional bloquista, Catarina Martins apontou à maioria absoluta, acusando o PS de usar “o aparelho do Estado”, perder-se “em guerras internas” enquanto Portugal “assiste incrédulo a um governo paralisado e enredado nos seus próprios erros”.

“Todos estes problemas estruturais foram agravados porque o PS, com maioria absoluta, achou que chegara o seu momento cavaquista”, acusou, considerando que os socialistas quiseram uma “política no avesso da esquerda”.

Para a ainda coordenadora do BE, o PS de António Costa pode “vitimizar-se” mas, considerou, “não foram a covid e a guerra que criaram as dificuldades atuais” nem “nenhuma oposição que criou qualquer dos problemas que os ministros inventam”.

“E assim se entretém uma degradação da vida pública em que o PS se tornou o padrasto de todo o populismo”, acusou.

No entanto, para Catarina Martins é “preciso constatar que esta triste telenovela da crise governamental é a menor das adversidades do país”.

A maior dificuldade, continuou, é “um modelo de economia e de injustiça social que destrói Portugal”, com “baixos salários e alta especulação”, lamentando um modelo de economia “devorada pelo turismo, mesmo que quem o sirva já não tenha onde morar” e “onde nunca há regadio intensivo a mais, mesmo que a seca se agrave a cada ano que passa”.

A líder do BE considerou que não foi “porque a negociação lhes tirava horas de sono que o PS recusou qualquer entendimento com a esquerda”, acusando os socialistas de encenar “confrontos vazios com a direita”, ao mesmo tempo que copia as políticas desses partidos.

Este “jogo de espelhos em que os avanços são sempre simbólicos e a vida concreta é sempre um recuo” é o maior perigo, na análise de Catarina Martins.

“Mesmo no confronto com a extrema-direita, na defesa de valores de dignidade e respeito, da igualdade e das liberdades, ao negar as condições concretas do salário, do serviço público, da habitação, ao fazer dos serviços secretos um misterioso joguete, ao propor restrições constitucionais perigosas, o PS está a contaminar todo o debate democrático e a estender a passadeira ao regresso dos piores fantasmas do passado”, aponta.

A ainda líder do BE condenou, por isso, “quem quer convencer o pobre que a culpa da sua situação é do mais miserável, ou do imigrante, ou da mulher” e considerou que quem “proclama vitórias enquanto o povo sente a vida a andar para trás” está a alimentar “as ervas daninhas do ressentimento”.

Na fita do tempo, Catarina Martins não deixou de fora a luta dos professores, referindo que “há quatro anos, António Costa virou o país” contra estes profissionais e ameaçou com a queda do Governo se os professores recuperassem o tempo de serviço, recordando ainda quando “António Costa ameaçou recorrer ao Tribunal Constitucional e a outros tribunais” quando o parlamento decidiu que não havia mais pagamentos ao Novo Banco antes de as suas contas serem certificadas.

“Demissão e tribunal, olhem para trás e lembrem-se do que foi a chantagem desde que a geringonça acabou em 2019. Só que, agora, uma boa parte da população está farta”, enfatizou.

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