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Catarina Martins questiona António Costa: “Irá o Governo recuperar para a esfera pública o serviço postal dos CTT?”

A líder bloquista alerta para práticas de “assalto” e “pilhagem” nos CTT pós-privatização e insta o Governo a chumbar o processo de reestruturação em curso e a reverter a privatização. Costa remete para avaliação de grupo de trabalho recém-formado e enjeita possibilidade de renacionalização.
20 Dezembro 2017, 15h24

Na abertura do debate quinzenal no Parlamento, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE), descreveu a situação dos CTT – Correios de Portugal com palavras muito duras e questionou diretamente o primeiro-ministro, António Costa, da seguinte forma: “Irá o Governo travar o processo de reestruturação dos CTT? Irá o Governo recuperar para a esfera pública o negócio do serviço postal dos CTT?” No que concerne ao processo de reestruturação, Martins sublinhou que terá de ser aprovado pelo primeiro-ministro.

“O que a direita fez com a venda danosa dos CTT foi um assalto ao país,” criticou a bloquista. Mais, “os acionistas privados vão pilhando a empresa”, retirando dividendos na ordem dos 90%, ao mesmo tempo que se avança com uma reestruturação dos serviços. “O assalto de Sérgio Monteiro [ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações entre 2011 e 2015] conhece agora uma nova fase,” acrescentou, referindo-se ao anúncio de 800 despedimentos nos CTT. “Portugal não pode permitir esta destruição dos CTT,” defendeu.

Na resposta, Costa disse que o Governo está “preocupado” com a situação. Mas lembrou que acaba de formar um grupo de trabalho para avaliar a forma como está ser prestado o serviço postal. Quanto ao processo de reestruturação, optou por fazer a seguinte ressalva: “Não recebemos ainda qualquer proposta ou pedido de reestruturação. Há uma proposta que não tem qualquer intervenção do Governo, o despedimento coletivo, e outra que é para aumento da quota legalmente prevista para rescisão por mútuo acordo. Neste momento a questão não se coloca para o Governo.”

Martins voltou a insistir no mesmo tema.  “Os CTT davam lucro. O problema é que os acionistas privados estão a pilhar os CTT. Se o Governo fica à espera, não vai ter nada para recuperar. O Governo não pode ficar à espera para salvar os CTT, quando os acionistas estão a correr para os destruir,” repetiu a bloquista. Mas Costa não se  comprometeu nem com o chumbo do plano de reestruturação nem com a eventual renacionalização dos CTT. E remeteu novamente para as conclusões do grupo de trabalho que vai avaliar o serviço prestado pela empresa. Só então é que o Governo decidirá o que fazer.

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