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Cavaco Silva: dos recados ao Governo à reação de António Costa e dos partidos

Cavaco Silva sugeriu este fim-de-semana que António Costa se demitisse e o primeiro-ministro referiu esta segunda-feira que o antigo governante quer alimentar “aquele frenesim em que a direita portuguesa agora está”.
22 Maio 2023, 14h24

O antigo primeiro-ministro e Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, deixou criticas ao atual Governo durante a sessão de encerramento da terceira edição do Encontro Nacional dos Autarcas Social Democratas, o que acabou por levar a uma reação por parte dos vários partidos, mas não só.

“Às vezes, os primeiros-ministros apresentam demissão”

“Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas, às vezes, os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas. Foi isso que aconteceu em março de 2011”, disse Cavaco Silva no evento democrata este fim-de-semana.

Aníbal Cavaco Silva acusa António Costa, de “não desempenhar as competências que a Constituição lhe atribui” e de governar de forma “desastrosa”, “aos solavancos”. “É triste e penoso verificar que Portugal caminha para a cauda da Europa. E o que respondem o Governo? Habituem-se”, lamentou.

Para o antigo chefe de Estado “o PSD é a única opção de voto credível para todos os eleitores que querem libertar Portugal do governo socialista e de uma oligarquia que se considera dona do Estado”.

“O PSD é a única opção de voto credível para todos os eleitores que querem libertar Portugal do governo socialista e de uma oligarquia que se considera dona do Estado”, destacou.

Costa e o frenesim de Cavaco

O primeiro-ministro acusou esta segunda-feira o ex-Presidente da República Cavaco Silva de estar a alimentar “o frenesim” da direita para provocar uma crise política artificial e de procurar interromper ao Governo uma trajetória de recuperação da economia.

António Costa falava aos jornalistas à entrada para um almoço comemorativo dos 25 anos da abertura da Expo 98, altura em que desempenhava as funções de ministro dos Assuntos Parlamentares no primeiro dos dois governos liderados por António Guterres.

Perante os jornalistas, António Costa referiu que Cavaco Silva fez essa intervenção na qualidade de militante do PSD e que ele, enquanto economista, “é um profundo conhecedor dos ciclos económicos”, razão pela qual “percebe a dinâmica em que o país se encontra”.

“A economia portuguesa felizmente está a dar a volta às grandes dificuldades que teve de enfrentar com a pandemia [da covid-19], com o início da guerra [na Ucrânia] e com a inflação. Portanto, Cavaco Silva foi alimentar aquele frenesim em que a direita portuguesa agora está no sentido de criar o mais rapidamente possível uma crise política artificial, de forma a não dar tempo que os portugueses sintam – como têm direito a sentir plenamente – os benefícios desta recuperação económica”, reagiu o líder do executivo.

De acordo com António Costa, “só uma crise política artificial poderia hoje interromper a dinâmica de crescimento, com o emprego em máximo históricos e com Portugal a registar um equilíbrio externo já com saldo positivo neste trimestre”.

Como reagiram os partidos?

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, referiu que declarações de Cavaco Silva no sábado revelam que “perdeu o sentido de Estado” e que está “inconformado” devido à sua “grande impopularidade” no país. “A agressividade e a violência verbal a que o país ontem [sábado] assistiu por parte de um antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República revelam que o professor Cavaco Silva perdeu o sentido de Estado que se exige”, frisou.

Do lado do PS, o deputado do PS João Azevedo afirmou que o discurso de Aníbal Cavaco Silva esteve repleto de “raiva e de ódio”.

“Não se percebe bem o porquê deste ataque tão violento que aconteceu ao Partido Socialista. Acaba por ser uma muleta do atual líder do PSD e representa, claramente, a preocupação do PSD que tem hoje um líder que não se consegue afirmar junto da sociedade portuguesa”, referiu João Azevedo.

No Chega, o líder do partido, André Ventura, considerou que a declaração do ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva sobre a governação socialista foi “ao mesmo tempo certeira e incompleta”.

“Este Governo chegou ao fim, António Costa deveria ter a coragem de se demitir e é um Governo assente em mentira e em propaganda”, referiu Ventura.

Por sua vez, os liberais saudou e as críticas feitas pelo antigo Presidente da República Cavaco Silva ao Governo de António Costa, mas discorda do “convite” à sua demissão.

“Não vamos estar à espera que António Costa apresente a sua demissão, porque isso não vai acontecer. A maioria absoluta que António Costa tem, neste momento tem um único propósito, que é evitar precisamente a perda de poder”, disse o líder dos liberais Rui Rocha.

À esquerda, o PCP assegurou dispensar os palpites de um dos responsáveis por más situações do país. “Se é verdade que esta política tem partidos que a protagonizam, que lhe dão corpo e avanço, também não é menos verdade que esses partidos são compostos por pessoas, algumas delas com grandes responsabilidades no passado pela situação a que chegámos e que não se inibem de, volta não volta, vir mandar umas larachas”, apontou o secretário geral do PCP, Paulo Raimundo.

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