Cavaco Silva havia confessado, dez meses antes de terminar o segundo mandato enquanto Presidente da República, que só escreveria as suas memórias após o dia 9 de março de 2016, quando abandonou efetivamente o cargo. Assim foi.
A menos de um mês de completar um ano desde que abandonou a presidência da República, o ex-chefe de Estado lança, na próxima semana, o livro “Quinta-feira e Outros Dias”. A obra, com cerca de 500 páginas, conta episódios das reuniões de quinta-feira no Palácio de Belém e pormenores sobre conversas com os antigos primeiros-ministros.
“Tendo mantido até agora reservada parte importante da minha ação como Presidente da República, convicto de que essa era a melhor forma de defender o superior interesse nacional – e nunca tendo ocorrido fugas de informação para a comunicação social sobre o que se passou nos meus encontros com o Primeiro-Ministro e outros membros do Governo –, entendo que é altura de completar a prestação de contas aos Portugueses dando público testemunho de componentes relevantes da minha magistratura que são, em larga medida, desconhecidos dos cidadãos.”, pode ler-se na apresentação do livro.
Este sábado, o “Expresso” apresenta uma pré-publicação da obra de Cavaco Silva, onde os leitores mais curiosos podem aguçar o apetite com algumas das passagens. Na segunda parte do primeiro capítulo, por exemplo, o antigo chefe de Estado português faz referência a telefonemas que teve com José Sócrates, os quais diz ter que feito “questão de, na hora, após cada encontro, registar pormenorizadamente”.
Cavaco Silva adianta, citado pelo semanário, que o leitor passará a ter conhecimento, com rigor e detalhe, “o que de mais importante o primeiro-ministro disse ao Presidente da República, assim como as posições por mim assumidas, em relação a vários temas”.
A propósito das reuniões, o autor adianta que o líder social-democrata “era pontual” e que José Sócrates “nem tanto”, mas que se mostrava sempre preparado para as reuniões semanais. “Ao bater das 17 horas, eu era avisado pelo ajudante de campo da sua chegada [Pedro Passos Coelho]. José Sócrates nem tanto. Uma vez abusou do atraso sem ter avisado previamente a Presidência da República e pedi que o informassem de que já não o receberia”, escreve.
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