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CDS-PP defende solução Portela e Montijo para o aeroporto de Lisboa e espera que PSD também o faça (com áudio)

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, defendeu que a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa foi tomada há sete anos, pelo Governo de coligação PSD/CDS-PP e que só não avançou por decisão do Governo do PS, de António Costa.
15 Julho 2022, 09h46

O CDS-PP defende que a única solução para o aeroporto de Lisboa que é “possível, lógica e pronta para começar a concretizar” é manter a Portela e construir nova capacidade no Montijo e espera que o PSD a defenda.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, defendeu que a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa foi tomada há sete anos, pelo Governo de coligação PSD/CDS-PP e que só não avançou por decisão do Governo do PS, de António Costa.

“A discussão [sobre o novo aeroporto de Lisboa] tem 53 anos, mas convém lembrar que há sete anos o assunto esteve encerrado e decidido; há sete anos houve um protocolo que foi assinado pelo Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, o António Pires de Lima era ministro da Economia, pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro e pelo Adolfo Mesquita Nunes, que tinha, depois de feitos estudos, depois de feitas discussões políticas, depois de uma enorme ponderação, optado pela fórmula Portela + 1, com obras de extensão na Portela e um aeroporto no Montijo”, afirmou.

“A solução estava feita e se o Governo não tivesse revertido também essa opção, nós teríamos o aeroporto a entrar em funcionamento em 2023”, apontou, acusando: “Perderam-se sete anos e o custo desses sete anos mede-se no que está a acontecer no aeroporto da Portela”.

Nuno Melo diz que se trata de uma obra infraestrutural, mas cuja discussão tem de ser enquadrada pela situação económica e financeira em que o país se encontra. “Portugal não é um país rico, nós temos uma dívida de 127% do produto interno bruto, somos um país com poucos recursos”, avisou.

“Imaginemos que é o primeiro-ministro, estamos a discutir o tema, temos em cima da mesa uma possibilidade Portela + 1, que era o que estava previsto em 2014. Em primeiro lugar, se se decidir hoje construir o novo aeroporto no Montijo, com a extensão na Portela, só terá o aeroporto construído em 2027, mas se quiser construir um novo aeroporto de raiz, só o terá, no máximo, em 2036.  E eu pergunto se nós conseguiremos aguentar com tudo aquilo que se vê até 2036 sem aeroporto”, disse.

“Em relação aos custos – e vou falar de valores de 2017 –, os custos da expansão da Portela eram de 300 milhões de euros e os custos do aeroporto no Montijo eram de 650 milhões de euros, portanto estamos a falar, em valores de 2017, em 950 milhões de euros; nos custos de um novo aeroporto de raiz, os estudos são públicos, estão aí, e estamos a falar, em valores de 2017, de 7,3 mil milhões de euros”, referiu, acrescentando que a solução que defende “tem um impacto ambiental positivo, com os chamados remédios, porque tenho de corrigir umas coisas, mas o Estado tem um estudo de impacte ambiental positivo”. Ao invés, “no caso do novo aeroporto, não tem sequer o pedido do estudo de impacto ambiental e, enfim, os problemas – e qualquer aeroporto trará problemas – são fáceis de prever”.

Aludiu, ainda, à questão dos acessos: “No caso da opção pela Portela + 1, terá acessos rápidos e muito menos custosos, no caso do novo aeroporto, terá que construir uma nova ponte ferroviária e é bom que se saiba que a nova ponte ferroviária não pode ser paga pelo concessionário, portanto, será paga também com os impostos dos contribuintes”.

“Finalmente, sabemos que na solução Portela + 1 não terá que dar novo destino a terrenos aqui na Portela que foram expropriados para efeitos do aeroporto e já se for um novo aeroporto, querendo utilizar estes terrenos, vai ter de pagar indemnizações às famílias das pessoas que foram expropriadas e não será pouco dinheiro”, acrescentou, ainda.

“Portanto, feito assim o quadro, a única solução possível, lógica e pronta para começar a concretizar é Portela mais Montijo”, disse.

PSD tem de dizer “solução está aqui”

Nuno Melo, que assumiu a liderança do CDS-PP depois das eleições legislativas em que o partido deixou de ter representação parlamentar, espera que o PSD, com que o Governo se comprometeu a procurar consensualizar uma solução para o novo aeroporto, siga a solução já encontrada há sete anos.

“Espero bem, já que António Costa escolheu o PSD como interlocutor, por razões que se compreende apenas na dimensão do partido e na alternância no poder, que Luís Montenegro chame a si muito daquilo porque lutou também quando foi presidente do grupo parlamentar”, disse ao JE. “Os pressupostos da Portela + 1 estão hoje completamente vigentes”, afirmou.

“Espero que nesse acordo Luís Montenegro faça o óbvio, que é dizer a António Costa ‘sim senhor, vamos lá entender-nos quanto ao novo aeroporto, a solução está aqui, trate lá de a concretizar. Só não se faz o novo aeroporto se não quiser fazer e o novo aeroporto será este, no Montijo, com obras de extensão na Portela’”, finalizou.

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