O parque habitacional português cresceu apenas 1,7% na década entre 2011 e 2021, de acordo com os resultados dos censos divulgados esta quarta-feira, um ritmo que fica bastante abaixo do registado em décadas anteriores.
No período em análise foram construídos 110.784 edifícios, ou seja, 3,1% do total do edificado habitacional do país, sendo que a esmagadora maioria (83,7%) tinha apenas um ou dois pisos. Comparando com os anteriores censos, de 2011, o número de edifícios cresceu 0,8%.
Da construção feita na última década, a percentagem de imóveis destinados a habitação habitual caiu de 69,4% para 67,6%, correspondendo a um aumento nas residências secundárias, que passaram de 18,5% para 19,1% da construção nova, e nos imóveis vagos, que saltaram de 12,1% para 13,3%.
Olhando para a totalidade do parque habitacional, verifica-se que o litoral concentra a grande maioria das habitações para residência habitual, ao passo que o interior e sul se destinam sobretudo a residências secundárias. Nos alojamentos clássicos de residência habitual, perto de dois terços possui entre quatro a cinco divisões, embora na construção da última década a tendência se tenha centrado em alojamentos de cinco divisões, que representaram 31,6%, com os de seis divisões a verem crescer a sua importância.
Analisando a capacidade dos alojamentos, verifica-se que as situações de sublotação excedem largamente as de sobrelotação, com as primeiras a representarem 63,6% dos alojamentos de residência habitual, por oposição a 12,7% de alojamentos com demasiados habitantes. Esta percentagem é ultrapassada até pelas situações de sublotação em casas com três ou mais divisões em excesso, que representam 15,3% do total de imóveis para residência clássica.
No mercado de arrendamento, 61,4% dos contratos existentes ficam entre os 200 e os 499,99 euros, representando a fatia mais significativa deste tipo de habitação. Nos extremos, 14,1% das rendas ficam abaixo de 20 euros, ao passo que 2,2% excede os mil euros mensais.
Por outro lado, em 61,6% dos alojamentos ocupados pelo proprietário não existiam encargos decorrentes da aquisição de habitação, sendo que o encargo médio para aquisição de habitação foi de 360,5 euros.
Nota ainda para as necessidades de aquecimento e climatização dos imóveis, com 30,2% dos alojamentos clássicos para habitação a não terem qualquer equipamento para aquecer utilizado regularmente, a opção mais frequente entre lareiras, aquecimentos centrais, equipamentos fixos e aparelhos móveis. Entre os imóveis construídos na última década, esta percentagem cai para 18,1%, subindo a preponderância do aquecimento central, que equipa 33,3% destas novas habitações.
A tendência é equiparável à verificada com o ar condicionado, que não existe em 83,4% dos alojamentos clássicos para fins habitacionais, mas que tem sido cada vez mais uma realidade na nova construção, com 36,5% dos imóveis construídos na última década já equipados.