A fintech portuguesa Raize abriu esta segunda-feira capital a novos investidores e vai entrar em bolsa no próximo mês, pondo fim a um ano e meio em que os únicos movimentos do mercado acionista português foram de saída. O CEO da Euronext vê com bons olhos a operação, mas alerta que a operação é muito pequena no panorama nacional.
“A entrada da Raize em bolsa é obviamente uma boa notícia, mas não entremos em entusiasmos excessivos”, diz Paulo Rodrigues da Silva, em declarações ao Jornal Económico. A oferta pública de venda inicial (OPV) de 15% do capital da portuguesa Raize está decorrer e dia 18 de julho será admitida à negociação num dos mercados da Euronext.
Numa fase inicial serão disponibilizadas a investidores de retalho e institucionais 750,000 ações, que representam 15% do capital, a um preço fixo de dois euros por ação. Após a entrada em bolsa, será colocado até um total de 25% do capital.
“É uma operação muito pequena, estamos a falar de uma valorização muito pequena. Estamos a falar de uma valorização de 10 milhões de euros e do Euronext Access, que é um mercado não regulamentado, portanto vamos encarar isto com realismo. Não é nenhuma mudança estrutural no mercado de capitais em Portugal”, refere.
Bolsa de Lisboa não é só para os grandes
Segundo o presidente da gestora da Bolsa de Lisboa, a operação é positiva por três razões, a começar por ser uma empresa pequena, “o que mostra que a bolsa não é só para empresas grandes”. Também por ser uma tecnológica, que é uma área em que a Euronext tem apostado e que sinaliza que há outras opções para as startups além do venture capital ou o private equity.
“A bolsa também uma opção para startups”, afirma. Acrescentou que a opção por colocação pública é interessante já que a poderia ter escolhido uma operação privada, como aconteceu na última entrada em bolsa.
Em dezembro de 2016, a Patris Investimentos foi admitida à negociação no mercado Alternext, após três aumentos de capital através de colocações privadas. Antes da Raize, a última Oferta Pública Inicial (IPO) tinha sido em fevereiro de 2014, da Espírito Santo Saúde.
“E é interessante ver que a Raize optou por uma colocação pública, não é apenas uma colocação privada. Um dos argumentos que costumamos dizer que é relevante para os mercados de capitais é o tema da visibilidade e credibilidade”, afirma Paulo Rodrigues da Silva. “Não é só a liquidez e ou necessidade de capital – porque hoje em dia até se pode obter capital de outras formas – é este tema da visibilidade foi considerado uma coisa importante, principalmente para uma empresa que tem uma relação com consumidores ou particulares”.
Euronext espera novos IPO até 2019
O presidente da entidade gestora da Bolsa de Lisboa diz ter expetativa que este ano e no próximo haja outras IPO, apontando para projetos mais ambiciosos. “Podemos ter uma operação grande que é a da Sonae Retalho e que está a ser avaliada”, afirma.
Em maio, o grupo anunciou que está a analisar a colocação em bolsa da subsidiária de retalho alimentar, a Sonae MC, e a entidade que gere a propriedade imobiliária, a Sonae RP. Na última divulgação de resultados, os ativos da Sonae Retalho foram responsáveis por mais de 72% do volume de negócios total da Sonae SGPS, que se fixou em 1.342 milhões de euros.
Além desta operação, Paulo Rodrigues da Silva lembra as Sociedades de Investimento Mobiliário para o Fomento da Economia (SIMFE), que são organismos de investimento coletivo resultantes do programa Capitalizar, que poderão ser cotados em bolsa e financiam pequenas e médias empresas.
A Flexdeal tornou-se, a 4 de janeiro deste ano, a primeira sociedade do género aprovada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “Há uma [SIMFE] em processo de avaliação. Portanto, sim, temos expetativa que haverá mais algumas operações. A data é que não depende de nós”, acrescentou.
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