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CEO da OpenAI reverte ultimato e sublinha vontade de regular IA

Depois de duras críticas ao esboço legislativo europeu sobre a regulação da Inteligência Artificial, o fundador da empresa por detrás do ChatGPT diz-se preparado para ficar na UE e defende regulação da tecnologia.
26 Maio 2023, 19h32

O CEO da OpenAI, empresa por detrás do ChatGPT, voltou atrás na sua visão quanto a uma regulação da Inteligência Artificial (IA). Em apenas dois dias, Sam Altman mudou a tónica do discurso, que roçava a ameaça aos legisladores europeus de uma saída da OpenAI do continente caso a regulação ultrapassasse os limites. Agora, diz que a empresa “não tem quaisquer planos de sair”.

Na quarta-feira, Altman dissecou ao Financial Times as suas preocupações quanto à diretiva da União Europeia (UE) para regular a IA, um pacote legislativa que deverá estar finalizado já em 2024. “Os detalhes não importam”, disse, acrescentando que a OpenAI “tentará cumprir, mas se não conseguirmos cumprir, vamos largar as operações” europeias, concretizou.

Inicialmente, a proposta de diretiva – que poderá ser a primeira do género a incidir sobre a governança do sector de IA – estava esboçada para regular os “elevados riscos” da utilização de IA, por exemplo em equipamentos médicos, recrutamento ou decisões financeiras. Contudo, e meses depois da ferramenta ChatGPT ter tomado conta das manchetes (e até escrito algumas), os legisladores europeus propõem uma expansão das regras.

Em causa está a transparência exigida às empresas como a OpenAI, ou a Google, no que diz respeito aos dados utilizados para treinar os modelos generativos, como aquele que é usado pelo ChatGPT. No fundo, a UE quer que estas empresas divulguem os conteúdos utilizados, bem como os sumários executivos de informação protegida que tenha sido utilizada para programar a capacidade responsiva destas ferramentas.

A OpenAI já tinha sido alvo de duras críticas de legisladores e especialistas do sector por não ter divulgado os métodos ou os dados utilizados para treinar o GPT-4 — o modelo sucessor do ChatGPT, bem mais capaz do que o modelo que já quase todos experimentaram.

“O atual rascunho [da diretiva] seria uma sobreregulação, mas temos ouvido que vai ser abandonado”, disse Altman à Reuters. “Ainda estão a falar disso”, assegurou o mesmo. Contudo, esses mesmos legisladores garantiram à Reuters que o rascunho não está aberto a debate.

Esta sexta-feira, menos de 48 horas depois dos comentários incisivios dirigidos aos responsáveis europeus, Altman publicou um tweet onde diz ter tido “uma semana muito produtiva de conversas na Europa sobre a melhor forma de regular a IA”.

Acrescentou que está “muito entusiasmado para continuar a operar aqui, e, claro, não temos planos de sair”.

Ainda recentemente, os fundadores da OpenAI assinaram uma publicação no blog da empresa a defender a criação de um órgão regulador global, feito à imagem daquele que neste momento supervisiona o desenvolvimento da energia nuclear.

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