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Certificados de Aforro. Paulo Macedo quer CGD a competir e Moreira Rato defende a suspensão

Banca precisa de oferta que “consiga competir” com certificados de aforro, diz Paulo Macedo, CEO da CGD. Já João Moreira Rato, disse à CNN que o Estado devia suspender os Certificados de Aforro porque Portugal, neste momento, consegue financiar-se através de Obrigações do Tesouro e de Bilhetes do Tesouro a taxas mais baixas do que os 3,5% que paga a quem subscreve os certificados.
29 Maio 2023, 21h44

A taxa de juro dos Certificados de Aforro para novas subscrições e capitalizações em junho manter-se-á em 3,5% (taxa limite que por lei podem ter os certificados de aforro).

Dados mais recentes publicados pelo Banco de Portugal, referentes a abril, revelam que a dívida direta do Estado sob a forma de certificados de aforro atingiu os 30.324,01 milhões de euros o que traduz um  aumento de 1.682,05 milhões face ao stock de março.

Na comparação anual o volume aplicado pelas famílias em certificados de aforro mais do que duplicou, já que o stock em abril do ano passado era de 12.698,06 milhões.

Os certificados de aforro são a nova coqueluche das poupanças dos clientes avessos ao risco e os bancos estão já a sentir isso.

Hoje, segundo a Lusa, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, disse que “não se pode estranhar que haja não só guerra entre instituições [financeiras] como entre produtos”, durante uma intervenção num painel da conferência “para onde vai a economia portuguesa”, em Lisboa.

No painel sobre o setor financeiro da conferência organizada pela SEDES e pela Ordem dos Economistas, Paulo Macedo realçou que “as pessoas têm várias alternativas”, lembrando que o que ensinam na escola é a diversificar os investimentos. Para o responsável da Caixa Geral de Depósitos (CGD), a obrigação da banca é ter oferta com vários produtos “que consigam competir” com os Certificados de Aforro.

Também hoje, numa entrevista à CNN, O Chairman do Banco CTT, João Moreira Rato, que falava na qualidade de economista, defendeu que o Governo deveria travar este movimento de aumento da subscrição de Certificados de Aforro. João Moreira Rato defende que o Estado não deveria ter mais do que 15% da sua dívida em produtos a taxas variáveis.

O também ex-presidente do IGCP sugeriu que o Governo “pode anunciar ao público que vão ter mais três meses [para subscrever Certificados de Aforro] e que depois, apenas estará disponível um montante mais pequeno, ou então interromper a emissão de Certificados durante três ou quatro meses para reiniciar mais tarde, mas com um aviso prévio”.

No final de abril, segundo dados divulgados pelo IGCP, os portugueses tinham mais de 30 mil milhões de euros aplicados neste produto de poupança do Estado, o que a juntar aos mais de 13 mil milhões de euros em Certificados do Tesouro coloca quase 15% da dívida pública nas mãos dos portugueses. Dívida que, ao contrário das Obrigações do Tesouro ou dos Bilhetes do Tesouro, tem uma taxa de juro variável e é por isso que o presidente não executivo do banco dos CTT defendeu que na óptica do Estado “a dívida a taxa variável provavelmente não deveria ser muito mais do que 15% do total”, até porque Portugal, neste momento, consegue financiar-se através de Obrigações do Tesouro e de Bilhetes do Tesouro a taxas mais baixas do que os 3,5% que paga a quem subscreve Certificados, explicou.

“Neste momento, as taxas são mais baixas que as dos Certificados, depois, podem não ser ao longo do ciclo, mas têm uma previsibilidade que não lhes dá os Certificados. E para gerir a dívida pública essa previsibilidade também tem algum valor”, defendeu João Moreira Rato.
Na mesma entrevista o economista João Moreira Rato defendeu que a classe média está asfixiada com a subida das taxas de juro do crédito à habitação e pediu ao Estado que alivie estas famílias através do IRS.
O economista realçou ainda que “a força de trabalho está cada vez mais bem formada e com mais capacidades de produção. O que tem acontecido é que também se passou a notar um fenómeno que antes não existia: cada vez há mais gente a desempenhar papéis que estão abaixo da sua formação. Esse fenómeno não existia nos anos 90”.
“Por outro lado, a economia tem gerado cada vez mais patentes, por exemplo. Mas há uma dificuldade muito grande em passar dessa criação de patentes para mais inovação. Temos mais formação, mas acabamos por não a utilizar plenamente, porque temos trabalhadores a trabalhar abaixo da sua formação. E temos muitas patentes que acabam por não se transformar em inovação. Estamos muito aquém do potencial”, referiu João Moreira Rato.
Já Paulo Macedo, CEO da CGD, noutro fórum, enumerou como desafios da Caixa para o futuro “devolver dinheiro ao Estado, perceber as consequências do euro digital, e continuar atento à cibersegurança”.
Também n mesma  conferência organizada pela SEDES e pela Ordem dos Economista, o vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp João Nuno Palma considerou que os grandes desafios para o setor financeiro passam por compreender como o crescimento económico e a inflação vão “impactar sobre a valorização dos ativos”, o aumento do custo de financiamento e a acessão dos riscos.
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