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CGD anuncia prejuízo recorde de 1.859,5 mil milhões de euros em 2016

Emissão de dívida de 500 milhões de euros irá avançar até ao final do mês.
  • Cristina Bernardo
10 Março 2017, 17h46

Rui Vilar, chairman da CGD, abriu a conferência de imprensa de apresentação de resultados anuais. O banco teve 1.859,5 milhões de euros de prejuízos. As imparidades somaram 3.017 milhões de euros, em linha com o esperado. Estas imparidades foram registadas no âmbito do processo de avaliação do valor dos ativos, seguindo os princípios de avaliação de um “novo investidor privado significativo”, conforme acordado com a DG Comp europeia.

A emissão de obrigações vai ocorrer este mês, bem como o aumento de capital em dinheiro, revelou o presidente da Caixa. O banco liderado por Paulo Macedo vai fazer uma emissão de 500 milhões de euros e no prazo de 18 meses faz uma segunda emissão de dívida de elevada subordinação no valor de 430 milhões. Portanto a emissão de additional tier 1 soma 930 milhões de euros.

O aumento de capital em dinheiro a fazer é de 2,5 mil milhões de euros também este mês.

José de Brito, administrador financeiro, apresentou as contas e explicou que “este reforço de imparidades traduz-se num reforço da solidez do seu balanço, numa melhoria de qualidade dos seus ativos expressa nos rácios de crédito em risco (10,5% ao fecho de 2016), e sobretudo uma cobertura por imparidades de 79%, uma subida superior a 10% em relação aos dados de 2015”.

Apesar deste facto os resultados de exploração “core” do banco, nomeadamente margem financeira e comissões deduzida dos custos operacionais, cresce no ano cerca de 70%, “mas obviamente o impacto das imparidades, mais do que compensa este efeito e por isso o resultado líquido de 2016 foi negativo em 1.859,5 milhões de euros”, diz.

A margem financeira cresce 5,5% sobretudo suportada pela redução (-18,5%) do custo do funding (depósitos).

O produto bancário caiu 22,6% sobretudo influenciado por dois factores: resultados em operações financeiras (-77%) – devido a um valor extraordinariamente elevado em 2015, e comissões (-6,9%). Algumas das imparidades afectam o resultado de exploração porque afectam o produto bancário.

Os custos operativos em queda superior a 9%, em todas as classes de custos (por exemplo custos com pessoal caíram 12,2%).

A queda do produto bancário contribuiu para que o Cost-to-Income suba (piore) de 66,7% para 77,8%, no entanto se consideramos só actividade core do banco teríamos uma redução do rácio que mede a eficiência.

“Um aspecto positivo tem a ver com os recursos totais de particulares e empresas (clientes) que apesar de todo o ruído à volta da CGD registou uma evolução positiva em 2016. Há a destacar aqui a resiliência dos depósitos”, considerou o administrador.

Ao nível da quota de mercado, a CGD regista uma relativa estabilidade, tanto na vertente dos depósitos, como na vertente do crédito, “não obstante a fase de desalavancagem e a política de write-offs do crédito mais expressiva neste exercício do que em anos anteriores”, adianta.

Ao nível dos rácios de capital, quando concluídas as duas fases do plano de recapitalização, “a CGD cumpre os requisitos definidos pelo regulador, nomeadamente teremos um rácio de Common Equity Tier I de 12%, de Tier I de 13% e um rácio de capital total de 14,1%”, diz José de Brito.

Os rácios em 2016 foram de 8,1% CET1, 7% Tier 1 e 7% rácio total, o que resulta de uma leitura literal do balanço. Mas calculados incluindo as duas fases de recapitalização, os rácios proforma são 12% (rácio CET1), 13% (rácio de Tier 1), 14,1% rácio total.

Estes rácios superam os exigidos pelo BCE no âmbito do SREP para 2017 e que no caso da CGD são de 8,25% de CET1, 9,75% rácio Tier 1 e 11,75% de CET1. O SREP ( Supervisory Review and Evaluation Process) é o processo que determina o rácio de capital para cada banco em função dos seus riscos. As autoridades de supervisão (BCE) avaliam e medem regularmente os riscos a que cada banco está exposto e é a esse “processo de análise e avaliação para fins de supervisão” que é designado por SREP.

“Há um desfasamento temporal entre o registo de imparidades e as duas fases de recapitalização da CGD. Algo que não estava previsto no pré-acordo com a DG Comp”, explica o CFO.

(atualizado)

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