As duas centrais sindicais defenderam esta sexta-feira a necessidade de garantir os empregos e os salários perante a possibilidade de endurecimento das medidas para reduzir a propagação da pandemia de Covid-19 e apontaram os transportes públicos como fonte de contágio.
A posição da CGTP e da UGT foi assumida após uma reunião de concertação social, convocada de emergência pelo Governo, que admitiu aos parceiros sociais a possibilidade de endurecimento das restrições para travar o crescimento número de infetados, que tem vindo a bater recordes nos últimos dias.
Face à possibilidade de novo confinamento idêntico ao de abril, a CGTP expressou ao Governo a sua preocupação relativamente aos empregos e às remunerações dos trabalhadores.
“Dissemos ao Governo que existe uma necessidade imperiosa de manter o emprego e proteger os trabalhadores que o perderam na sequência da pandemia e ao mesmo tempo garantir as suas remunerações para que possam manter as condições de vida e contribuir para a melhoria da economia”, disse à agência Lusa Ana Pires, membro da comissão executiva da CGTP.
A sindicalista manifestou ainda preocupação relativamente às condições de saúde e segurança em vigor nos locais de trabalho, nomeadamente a insuficiência de equipamentos de proteção individual contra a Covid-19, e relativamente às condições de deslocação dos trabalhadores.
“Os transportes públicos, essenciais para os trabalhadores se deslocarem para os respetivos locais de trabalho, continuam a ser um problema nesta fase de pandemia, porque são insuficientes e não garantem o distanciamento necessário”, afirmou Ana Pires.
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, também destacou que os transportes públicos “andam cheios”, o que não garante o distanciamento e facilita o contágio.
Carlos Silva gravou um pequeno vídeo que enviou aos jornalistas onde desafiou o Governo e as empresas a privilegiarem de novo para o teletrabalho como forma de travar a pandemia.
Segundo o sindicalista, face ao aumento de casos de infeção por Covid-19 verificado nos últimos dias, que ultrapassaram os 10.000 casos diários, a UGT “aceita o endurecimento das medidas para reduzir a propagação da pandemia”.
Carlos Silva sublinhou “a total disponibilidade e apoio da UGT a medidas de apoio aos trabalhadores e às empresas”, desde que não prejudiquem os trabalhadores nem contribuam para a estagnação da economia.
A CGTP e a UGT argumentaram ainda a favor da necessidade de reforçar devidamente o Serviço Nacional de Saúde e de valorizar os seus profissionais.