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Chega recusa-se a viabilizar governo regional açoriano liderado por José Manuel Bolieiro

Contactos entre André Ventura e dirigentes próximos de Rui Rio não permitiram alcançar um compromisso para a revisão constitucional. Chega admite voltar a falar com o PSD na próxima semana, mas o representante da República nos Açores irá ouvir que o partido não está disposto a viabilizar qualquer solução governativa.
  • Mário Cruz/Lusa
4 Novembro 2020, 20h40

O Chega vai comunicar ao representante da República na região autónoma dos Açores que os seus dois deputados da assembleia legislativa regional não estão disponíveis para viabilizar qualquer solução de governo, nomeadamente a coligação de direita formada por PSD, CDS-PP e PPM que levaria o líder social-democrata José Manuel Bolieiro a substituir o socialista Vasco Cordeiro, depois de o PS ter perdido a maioria absoluta nas eleições de 25 de outubro.

Essa é a consequência da paragem nas negociações entre as direções nacionais do Chega e do PSD, nas quais André Ventura queria que os sociais-democratas se comprometessem em avançar com um projeto de revisão constitucional que levasse em conta algumas prioridades do seu partido, como a redução do número de deputados. Apesar de fontes próximas de Rui Rio terem negado qualquer contacto direto com o ex-militante do seu partido, que chegou a ser candidato do PSD à Câmara de Loures antes de fundar o Chega, elementos próximos do presidente social-democrata procuraram um acordo que abrisse caminho à alternância de poder nos Açores.

Do lado do Chega haverá abertura para retomar contactos na próxima semana com o PSD, os quais terão sido admitidos como possíveis por interlocutores sociais-democratas, embora as expetativas não sejam muito elevadas de qualquer um dos lados.

Apesar de o PS ter vencido as eleições regionais açorianas, como acontece sucessivamente desde 1996, só elegeu 25 deputados, quatro lugares abaixo da maioria absoluta necessária na assembleia legislativa regional. Mas também a soma dos 21 deputados do PSD, dos três do CDS-PP e dos dois do PPM fica aquém de tal fasquia. Um governo liderado por José Manuel Bolieiro necessitaria do apoio de mais três eleitos, sendo que o Chega tem dois deputados, a Iniciativa Liberal um e o PAN – Pessoas, Animais, Natureza também um.

Do lado da esquerda também não abundam possíveis parceiros para manter Vasco Cordeiro à frente do governo regional, o que sucederia pela terceira legislatura consecutiva, pois o PCP perdeu a representação parlamentar, o Bloco de Esquerda tem apenas dois deputados e mesmo um acordo com o PAN não juntaria mais de 28 mandatos. Chegou a admitir-se que um entendimento com o CDS-PP seria a solução para assegurar condições de governabilidade, mas também nesse caso a soma dos dois grupos parlamentares não vai além de 28, sendo necessário mais um deputado para a maioria absoluta.

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