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Chico Buarque não vai voltar a cantar “Com açúcar, com afeto” porque é “machista”

O lendário cantor e compositor diz que vai excluir do seu reportório o tema composto a pedido de Nara Leão. E isto porque, segundo o próprio, “as feministas têm razão” em achar o poema misógino. A polémica está instalada!
31 Janeiro 2022, 22h30

Chico Buarque não irá voltar a cantar a lindíssima canção “Com açúcar, com afeto”, que compôs a pedido da cantora brasileira Nara Leão em 1967.

“Ela falou ‘eu quero agora uma música de mulher sofredora’”, contou o compositor, explicando que Nara Leão deu exemplos das canções de Assis Valente e Ary Barroso “onde os maridos saíam para a gandaia e as mulheres ficavam em casa sofrendo”.

O eterno Chico falou sobre a canção no terceiro episódio de uma série documental sobre a artista, “O canto livre de Nara Leão”, feita para a Globoplay, plataforma de streaming da Globo.

Explicando que compôs o tema por encomenda de Nara, Chico Buarque diz que “gostou de fazer” a canção, até porque, à época, a letra não era considerada sexista.

O cantor considera que, atualmente, Nara Leão não voltaria a interpretar o tema e dá razão às feministas que criticam a postura submissa da mulher que, no poema, espera e perdoa os deslizes do marido que a sustenta.

“As feministas têm razão, vou sempre dar razão às feministas, mas elas precisam compreender que naquela época não existia, não passava pela cabeça da gente que isso era uma opressão, que a mulher não precisa ser tratada assim. Elas têm razão. Eu não vou cantar ‘Com açúcar, com afeto’ mais e, se a Nara estivesse aqui, ela não cantaria, certamente”, afirma Chico Buarque no documentário.

No entanto, o escritor brasileiro Luiz Antonio Simas, grande conhecedor da obra de Chico e fã assumido do compositor, contrapôs que o tema é um não assunto, porque, como explicou no no Twitter, Chico Buarque “declarou que não vai mais cantar uma música que já não canta”, já que a última vez que o tema fez parte do reportório do compositor foi num espetáculo em 1975, com Maria Bethânia, que aliás resultou num icónico disco gravado ao vivo.

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