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China averba um revés diplomático nas ilhas do Pacífico

Pequim propôs a dez territórios um acordo de largo espectro com especial incidência na economia e na segurança. Mas os envolvidos parecem não ter encontrado interesse especial no assunto, principalmente no que tem a ver com a segurança.
30 Maio 2022, 16h45

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e os seus homólogos de dez países insulares da região do Pacífico não conseguiram chegar a um consenso nas negociações sobre um acordo comercial e de segurança, devido especialmente ao facto de alguns dos países temerem uma hegemonia excessiva de Pequim.

Após as conversas virtuais desta segunda-feira, Wang, que estava em Fiji, procurou tranquilizar as nações do Pacífico sobre os objetivos da China na região, dizendo que Pequim também defende há muito tempo as nações em desenvolvimento na Ásia, África e no Caribe.

A visita do ministro às Ilhas Fiji faz parte de uma viagem diplomática destinada a aumentar radicalmente o envolvimento da China na segurança e na economia do Pacífico Sul – um plano a cinco anos que a China enviou às nações convidadas antes da reunião e que passa pelo treino da polícia local, segurança cibernética, expansão de laços políticos e acesso a recursos naturais. A proposta, denominada Visão de Desenvolvimento Comum China-Países Insulares do Pacífico, também propõe uma área de livre comércio e o apoio à ação sobre mudanças climáticas e saúde.

Mas o esboço do comunicado provocou oposição de pelo menos uma das nações convidadas, os Estados Federados da Micronésia (FSM). David Panuelo, presidindo deste bloco, considerou “o acordo proposto o mais revolucionário no Pacífico” mas uma “ameaça de trazer uma nova era da Guerra Fria na melhor das hipóteses e uma Guerra Mundial na pior”.

Após a reunião de segunda-feira em Fiji, que incluiu Samoa, Tonga, Kiribati, Papua Nova Guiné, Vanuatu, Ilhas Salomão e Niue, Wang Yi disse que as nações concordaram em cinco áreas de cooperação, mas são necessárias mais debates para formar mais consenso. A segurança é o ponto mais crítico. “Continuaremos a ter discussões e consultas contínuas e aprofundadas para formar mais consenso sobre a cooperação”, disse.

Embora a China possa ter falhado em seus planos para um grande acordo multilateral, ela vem assinando acordos bilaterais menores com as nações do Pacífico durante a viagem de Wang Yi. O ministro começou a sua viagem na quinta-feira nas Ilhas Salomão – local onde a China quer instalar uma base militar, o que provocou uma forte reação da Austrália – onde assinou um acordo sobre transporte aéreo civil.

Na sexta-feira, Wang Yi visitou Kiribati, com cujo governo foram assinaram dez acordos que vão desde a cooperação com objetivos económicos até à construção de uma ponte.

Em Samoa, no sábado, Wang Yi assinou um acordo para construir um laboratório de impressões digitais da polícia para complementar uma academia de treino policial financiada pela China.

 

O reino de Tonga e depois Vanuatu, Papua Nova Guiné e Timor-Leste serão as paragens seguintes.

Num discurso escrito para a reunião, o presidente da China, Xi Jinping, disse que o seu país terá sempre uma boa relação com os países das ilhas do Pacífico, seja qual for a situação internacional. Naquela que foi a segunda reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da China e dos países insulares do Pacífico, Xi Jinping disse que os laços que os unem prevalecerão sobre todas as vicissitudes.

Nos últimos anos, a parceria estratégica abrangente entre a China e os países insulares do Pacífico, caracterizada pelo respeito mútuo e desenvolvimento comum, fez progressos constantes e produziu resultados frutíferos, dando um bom exemplo de cooperação Sul-Sul e benefício mútuo, disse Xi.

A China permanece comprometida com a igualdade de todos os países, independentemente do tamanho, e permanece guiada pelo princípio de perseguir o bem maior e interesses partilhados, salientou o presidente.

Observando que o mecanismo da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros entre China e países insulares do Pacífico foi formalmente estabelecido em outubro de 2021, Xi Jinping disse que o bloco fornece “uma nova e importante plataforma para ambos os lados fortalecerem o diálogo, aumentarem a confiança mútua e promoverem a cooperação”.

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