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China boicota reunião do G20 organizada pela Índia em Caxemira

O território continua a ser um dos pontos mais sensíveis das relações diplomáticas entre a Índia e o Paquistão e entre a Índia e a China. Os dois países recusam-se a estar presentes.
19 Maio 2023, 18h04

O governo da China fez saber que não participará na próxima reunião sectorial do G20 – será sobre turismo, a 22 e 24 de maio, e não uma cimeira de chefes de Estado e de governo – que o país atualmente a liderar o grupo, a Índia, tem prevista para acontecer no território de Caxemira, nos Himalaias. China e Paquistão condenaram a Índia por realizar o evento naquela região de maioria muçulmana, disputada pela Índia e pelo Paquistão (país igualmente muçulmano. A Índia organizou uma série de reuniões em todo o país antes da cimeira de Nova Delhi, em setembro.

“A China opõe-se firmemente à realização de qualquer tipo de reunião do G20 em território disputado e não participará em tais reuniões”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, esta sexta-feira.

As relações Índia-Paquistão estão congeladas desde 2019, quando Nova Délhi mudou o estatuto do Estado de Caxemira, retirando-lhe uma posição especial e convertendo-o num território federal. O Estado foi dividido em dois territórios federais de Jammu-Caxemira e Ladakh.

A parte da Caxemira controlada pela Índia é abalada há décadas por rebeliões que pretendem a independência ou a anexação ao Paquistão, com dezenas de milhares de civis, soldados e rebeldes da Caxemira mortos no conflito.

A Índia manifestou pouco apresso pela objeção, dizendo que é livre para realizar reuniões no seu próprio território.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem repetido que as relações entre os vizinhos com armas nucleares só podem ser baseadas no respeito mútuo, sensibilidade e interesse. “A Índia está totalmente preparada e comprometida em proteger a sua soberania e dignidade”, disse Modi em declarações antes da sua visita ao Japão para participar da cimeira do G7 – onde o país é um dos convidados.

Há pouco mais de uma semana, uma acalorada discussão entre os ministros das Relações Exteriores da Índia e do Paquistão acabou por marcar a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, realizada na Índia.

Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Bilawal Bhutto Zardari, criticou a decisão da Índia de não aceitar o estatuto especial da região da Caxemira, dizendo que o movimento unilateral de Nova Délhi (em 2019) prejudicou o ambiente para a realização de negociações entre os vizinhos.

O seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, criticou veementemente a declaração de Bhutto Zardari, chamando-o de “porta-voz da indústria do terrorismo”. “As vítimas do terrorismo não se sentam com os seus autores para discutir o terrorismo”, disse Jaishankar, referindo-se a ataques mortais a soldados indianos em Caxemira, da responsabilidade do Paquistão, que Nova Deli acusa de apoiar os rebeldes locais.

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