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China e Rússia contra lançamento de míssil pela Coreia do Norte

Os dois países assinaram uma declaração conjunta em que repudiam o teste balístico – realizado no dia da independência dos Estados Unidos. Mas aconselham os norte-americanos e a Coreia do Sul a absterem-se de organizar exercícios militares na região.
  • KCNA/ via REUTERS
5 Julho 2017, 07h20

No dia em que a Coreia do Norte anunciou ter ensaiado com êxito o lançamento de um míssil balístico, a China – seu quase único parceiro internacional – apressou-se a manifestar, no mesmo dia, a sua oposição a mais esta prova militar. A China pediu mesmo ao governo de Pyongyang que detenha de imediato ações militares que sejam contrárias às resoluções sobre a matéria emanadas do Conselho de Segurança da ONU.

“A China opõe-se a que a Coreia do Norte viole as resoluções das Nações Unidas”, afirmou ontem um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang – que no dia anterior tinha dado conta de uma conversa telefónica entre os presidentes chinês e norte-americano, onde a questão da Coreia do Norte foi um dos temas abordados.

Os testes de ontem foram particularmente mal recebidos por Washington, dado que se efetuaram no dia das comemorações da independência norte-americana, 4 de Julho – facto a que com certeza não esteve alheio quem organizou o calendário dos lançamentos dos mísseis intercontinentais norte-coreanos.

As esperanças ocidentais de que o problema com a Coreia do Norte consigam resolver-se estão quase todas nos braços da China – país que ajudou Kim Il-Sung, avô do atual líder, a tomar o poder no país, o que quase resultou numa guerra de proporções alarmantes entre a China e os Estados Unidos.

Mas, segundo os analistas – nomeadamente o politólogo russo Dmitry Zhuravlev, profundo conhecedor da região, uma nova frente poderá estar a abrir-se. Segundo Zhuravlev, citado por um jornal russo, o novo governo da Coreia do Sul está firmemente empenhada em promover as relações diplomáticas com o seu vizinho do Norte – mais ou menos no ponto em que ficaram há uns anos atrás, quando o pai de atual líder, Kim Jong-Il, esteve interessado na aproximação com o sul. Kim Yong-nam, o atual líder, parece estar completamente fora da estratégia do pai – para quem o assunto da reunificação deixou de ser tabu depois da aproximação entre as duas coreias.

Ontem mesmo, o presidente chinês, Xi Jinping, conversou com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, sobre a questão da Coreia do Sul. Ambos os países decidiram emitir uma declaração conjunta em que a Rússia e a China propõem à Coreia do Norte a declaração de uma moratória aos testes nucleares e de mísseis, propondo por outro lado aos Estados Unidos e à Coreia do Sul que não realizem exercícios militares conjuntos na região.

Mas nem tudo são boas notícias para os Estados Unidos: os dois países mantêm-se contra a instalação do sistema norte-americano antimísseis THAAD no Nordeste da Ásia. O documento conjunto indica que a instalação daquele sistema “prejudica gravemente os interesses de segurança estratégica dos Estados da região, inclusivamente da Rússia e da China, não contribuem para a desnuclearização da península Coreana, nem para a paz e a estabilidade na região”.

Por outras palavras, o problema da Coreia do Norte está longe de agregar um consenso suficientemente alargado para ser de resolução rápida. E o politólogo Dmitry Zhuravlev, citado pela agência noticiosa russa Sputnik, não deixa de recordar que, apesar de todo o poderio militar norte-americano, a Coreia do Norte é também uma potência nuclear – o que quer dizer, na sua ótica, que não há na península coreana uma solução fácil à vista.

No final desta semana, quando ocorrer a reunião do G20, China, Rússia e Estados Unidos irão com toda a certeza debater novamente a questão da Coreia do Norte – mas, em termos práticos, nada indica que desse novo encontro venha a resultar qualquer solução imediata para o problema.

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