A China e a Rússia acusaram os Estados Unidos de alimentar as tensões na Península da Coreia durante uma reunião na ONU realizada para explicar as suas decisões de vetar novas sanções globais sobre a Coreia do Norte na sequência dos recentes lançamentos de mísseis balísticos por parte do regime de Kim Jong-un.
Zhang Jun, embaixador da China nas Nações Unidas, disse à Assembleia Geral, citado pelos jornais norte-americanos, que a tensão na península “se desenvolveu até ao que é hoje principalmente devido ao fracasso das políticas dos Estados Unidos”. “Há muitas coisas que os Estados Unidos podem fazer, como aliviar as sanções contra a Coreia do Norte em certas áreas e acabar com os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul”, disse.
Por seu lado, a vice-embaixadora da Rússia na ONU, Anna Evstigneeva, também pediu o levantamento das sanções. “A Coreia do Norte precisa de mais ajuda humanitária e o Ocidente deve parar de culpar Pyongyang pelas tensões”.
Os vetos da China e da Rússia sobre as novas sanções contra a Coreia do Norte, avançadas no mês passado, dividiram publicamente o Conselho de Segurança da ONU pela primeira vez desde que o país foi alvo de sanções em 2006.
O vice-embaixador Jeffrey De Laurentis, dos Estados Unidos, rejeitou as acusações da China e da Rússia e questionou se Pequim e Moscovo elevaram a sua parceria estratégica “sem limites” acima da segurança global ao vetar as sanções contra a Coreia do Norte. “Esperamos que esses vetos não sejam um reflexo dessa parceria”, disse DeLaurentis, referindo-se aparentemente ao suporte, ou pelo menos à indefinição, entre os dois países em relação à guerra na Ucrânia. “As vossas explicações para exercer o veto foram insuficientes, não credíveis e não convincentes”, afirmou.
De Laurentis acrescentou que as atuais sanções e a proposta de novas medidas são uma resposta direta às ações da Coreia do Norte e afirmou que os Estados Unidos tentaram repetidamente reiniciar as negociações, enviando mensagens públicas e privadas, mas não receberam resposta.
A Coreia do Norte realizou dezenas de lançamentos de mísseis balísticos este ano, incluindo mísseis intercontinentais, depois de acabar com a suspensão de testes que se tinha imposto em 2018, depois de Kim Jong Un ter encontrado por duas vezes o então presidente Donald Trump.
O novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que assumiu o cargo a 10 de maio, acordou com Joe Biden aumentar os exercícios militares conjuntos para deter a Coreia do Norte. Desde então, os militares sul-coreanos e norte-americanos levaram a cabo testes com o objetivo de demonstrar capacidade e prontidão para responder a quaisquer provocações norte-coreanas. Os dois países alertaram que a Coreia do Norte está a preparar o sétimo teste nuclear.