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China muda regras para travar exclusão de empresas da Bolsa de Nova Iorque

A China vai emendar as suas leis de sigilo de auditoria, visando impedir que cerca de 270 empresas chinesas sejam excluídas do mercado de capitais dos Estados Unidos, numa concessão significativa à pressão exercida por Washington.
  • China
4 Abril 2022, 07h41

A China vai emendar as suas leis de sigilo de auditoria, visando impedir que cerca de 270 empresas chinesas sejam excluídas do mercado de capitais dos Estados Unidos, numa concessão significativa à pressão exercida por Washington.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC, na sigla em inglês), que regula os mercados financeiros do país, disse este fim de semana que vai mudar as leis de confidencialidade que impedem as empresas chinesas listadas no exterior de fornecer informações financeiras confidenciais a reguladores estrangeiros.

Isto vai facilitar a “cooperação regulatória transfronteiriça, incluindo inspeções conjuntas (…) para proteger os investidores globais”, segundo a CSRC.

O país asiático proibia reguladores estrangeiros de inspecionar a contabilidade das empresas locais, citando preocupações com a segurança nacional.

A CSRC disse que as regras existentes, que foram atualizadas pela última vez em 2009, estão desatualizadas.

A decisão visa impedir que empresas chinesas cotadas na Bolsa de Nova Iorque sejam excluídas em 2024.

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) disse, no mês passado, que as empresas da China tinham três anos para fornecer documentos de auditoria detalhados, o que levou a uma forte queda das suas ações.

Existem cerca de 270 empresas chinesas listadas nos EUA, com uma capitalização de mercado combinada equivalente a mais de 2 biliões de euros.

O índice Nasdaq Golden Dragon China, que reúne ações dos principais grupos chineses, perdeu cerca de metade do seu valor no ano passado.

A decisão de Pequim poderá levar à criação de uma estrutura para os reguladores dos EUA obterem acesso aos arquivos de auditoria das empresas.

A proposta, que foi colocada em consulta pública até 17 de abril, elimina a exigência de que a inspeção da contabilidade das empresas chinesas cotadas no exterior seja conduzida principalmente por reguladores chineses.

Pequim está a tentar recuperar a confiança dos investidores, depois de uma campanha regulatória lançada pelo Governo chinês ter atingido as principais empresas privadas do país, incluindo Alibaba, Didi, Evergrande ou Meituan, abalando os mercados financeiros globais.

A CSRC disse que o seu presidente, Yi Huiman, e o presidente da SEC, Gary Gensler, realizaram três reuniões, desde agosto passado, sobre “cooperação de supervisão de auditoria” e que houve um “progresso positivo”.

Gensler disse, na semana passada, que apenas o cumprimento total das regras de inspeção de auditoria dos Estados Unidos permitiria que as empresas chinesas continuassem cotadas na praça financeira de Nova Iorque.

Nos últimos anos, os empresários do setor privado da China, que estão em grande parte excluídos do sistema financeiro estatal chinês, acederam a milhares de milhões de dólares no exterior.

A relação entre os EUA e a China deteriorou-se rapidamente, nos últimos anos, principalmente devido a disputas no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.

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