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China Three Gorges tem de investir 219 milhões para manter posição no capital da EDP. BCP tem de pagar 21 milhões

Os investidores da EDP vão ter de ir a jogo no aumento de capital no valor de mil milhões, ou ficam com a sua posição de capital diluída. Acionista chinês é quem vai ter de gastar mais dinheiro, seguido dos espanhóis da Oppidum Capital e dos norte-americanos da Blackrock.
17 Julho 2020, 18h15

A China Three Gorges vai ter de investir quase 219 milhões de euros no aumento de capital da EDP para manter inalterada a sua participação de 21,47% na elétrica portuguesa.

O único acionista qualificado português da EDP é o banco BCP que vai ter de desembolsar 21,1 milhões de euros para manter inalterados os seus 2,07%.

A EDP vai lançar um aumento de capital no valor de 1.020 milhões de euros entre as 8h30 de 23 de julho e as 15h00 do dia 6 de agosto, o equivalente a 8,45% do capital da empresa. O grande objetivo é financiar a compra da energética espanhola Viesgo pela EDP. Cada ação vai ser lançada a 3,30 euros por ação, com um desconto de 23% face ao preço de encerramento de 15 de julho.

Esta subscrição encontra-se “reservada aos acionistas que exerçam os seus direitos de preferência e a outros investidores que adquiram direitos de subscrição”.

Quem não for a jogo, vai ficar com a posição diluída, conforme estabelece o prospeto da operação. “A proporção da titularidade do capital social e dos direitos de voto na EDP dos acionistas que não exerçam os seus direitos de subscrição será diluída com a emissão das novas ações”.

Depois da China Three Gorges, seguem-se os espanhóis da Oppidum Capital, com 7,19% da elétrica, que terão de investir 73,3 milhões de euros para ficarem com a mesma posição.

Na terceira posição surgem os norte-americano da Blackrock que terão de investir 46 milhões para garantir os seus 4,51%.

Depois, a Alliance Bernstein vai ter de desembolsar 30 milhões para ficar com os seus 2,94%, enquanto os argelinos da Sonatrach têm de pagar 24,2 milhões para manter os seus 2,38%,.

Já a Qatar Investment Authority vai ter de gastar 23,1 milhões para segurar os seus 2,27%, com os noruegueses do Norges Bank vai ter de pagar 22,6 milhões para salvaguardar os 2,22%, e a Capital Group Companies a ter de investir 20,90 milhões para ficar com os seus 2,05% inalterados.

A EDP também fechou um contrato com um sindicato bancário (underwriters) para assegurar que o sucesso da operação e que todas as operações são subscritas.

“Caso as novas ações não sejam totalmente subscritas no âmbito da emissão de direitos, poderão ser subscritas por Investidores Qualificados ou pelos Underwriters”, segundo o prospeto: BCP (20%);  J.P. Morgan Securities (20%); Morgan Stanley & Co. International (20%); BNP Paribas (13,33%); BofA Securities Europe SA (13,33%); Goldman Sachs International (13,33%).

A EDP anunciou que não vai cobrar qualquer custo aos investidores, avançando que as despesas com a operação, as comissões pagas ao sindicato bancário, atingem os 23 milhões de euros.

A Viesgo está avaliada em 2,7 mil milhões de euros com a EDP a investir 900 milhões para fechar esta aquisição. A operação está dividida em três partes: na primeira aquisição, a EDP comprou a rede de distribuição de eletricidade da Viesgo – localizada nas Astúrias e na Galiza – em parceria com a Macquarie Infrastructure and Real Assets (MIRA). A Viesgo Distribution registou um EBITDA de 320 milhões em 2019, e vai passar a ser detida em 75% pela EDP e em 25% pela MIRA.

A segunda, é que a EDP Renováveis (detida maioritariamente pelo grupo EDP) vai comprar 100% do negócio renovável da Viesgo, que conta com 24 centrais eólicas e duas centrais mini-hídricas em Portugal e Espanha. A empresa conta com uma capacidade instalada total de 500 megawatts (MW), e está avaliada em 565 milhões de euros. A terceira parte é que a EDP também vai comprar as duas centrais a carvão da Viesgo na Andaluzia.

A compra deverá estar concluída até ao final de 2020, mas antes vai ter de passar por todas as respetivas avaliações regulatórias e governamentais, como é habitual num negócio destes. Assim, o negócio vai ser avaliado pela Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, e em Espanha vai ter de obter a aprovação do regulador de energia e de mercado CNMC, entre outros. Ao mesmo tempo, a empresa espanhola vai ter de passar pela “reestruturação corporativa necessária”.

Após a conclusão da operação, a EDP vai passar a deter integralmente a Viesgo e vai ter representação maioritária no conselho de administração, com direito a nomear o presidente executivo, o presidente do conselho de administração e o administrador financeiro.

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