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Chipre vende vistos ‘gold’ a russos e ucranianos acusados de corrupção

Mais de quatro mil milhões de euros é o valor arrecadado pelo governo do Chipre desde 2013 em vistos ‘gold’, com mais de 400 passaportes emitidos só em 2016.
18 Setembro 2017, 12h01

O governo do Chipre está a emitir passaportes que autorizam residência e livre circulação na Europa à troca de investimento na economia nacional. Segundo o The Guardian, na lista de vistos ‘gold’ estão alguns “empresários proeminentes” e pessoas com “considerável influência política”, onde se incluem milionários russos e ucranianos acusados de corrupção.

Mais de quatro mil milhões de euros é o valor arrecadado pelo governo do Chipre desde 2013 em vistos ‘gold’, com mais de 400 passaportes emitidos só em 216.

As polémicas neste campo são já conhecidas. Antes de 2013, a discussão girava em torno da atribuição de um passaporte ao empresário primo do presidente sírio.  Rami Makhlouf, primo de Bashar al-Assad, foi julgado por crimes de corrupção, em 2008, pelos norte-americanos e, dois anos depois, o Chipre concedeu-lhe um passaporte. Mais tarde, em 2011, o empresário perdeu o seu estatuto especial, depois de julgado pela União Europeia.

“Todos os países que oferecem vistos gold devem certificar-se de que a atração do investimento não significa uma deterioração de valores e isso passa por garantir background checks no processo. Sem estes, arriscam oferecer cartões de “livre da prisão” aos criminosos e corruptos”, reforça a Global Witness, a organização não-governamental dedicada ao combate à corrupção.

Contactado pelo jornal britânico, o ministério das finanças do Chipre explica que a possibilidade de aquisição de tais passaportes se inclui num programa destinado “a investidores genuínos, que estabelecem uma base de negócio e uma residência permanente em Chipre”.

Ana Gomes, eurodeputada portuguesa considera os ‘vistos gold’ “absolutamente imorais e perversos”, mas esclarece que “não sou contra a cedência de cidadania a alguém que possa fazer uma contribuição muito especial para o país, sejam nas artes ou ciência, ou mesmo em investimento”. No entanto, para a eurodeputada, “cedência não é venda”.

 

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