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Chumbar não compensa, conclui estudo da Nova SBE

Três professores da Nova SBE mediram o impacto no desempenho académico subsequente do aluno retido. As conclusões do estudo “Será a repetição de ano benéfica para os alunos?” são apresentadas esta quarta-feira, dia 26, na Torre do Tombo, em Lisboa.
26 Outubro 2016, 09h47

“O que concluímos é que na escola pública portuguesa, o típico aluno do 4.º ano com baixo desempenho que foi obrigado a repetir esse nível de ensino não beneficiou de tal decisão e foi, de facto, prejudicado em termos da sua progressão escolar”. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Será a repetição de ano benéfica para os alunos?”, realizado pelos professores da  Nova School of Business and Economics Luís Catela Nunes, Ana Balcão Reis e Carmo Seabra, a que O Jornal Económico teve acesso e que será apresentado a partir das 17h30 desta quarta-feira, na Torre do Tombo em Lisboa. O lançamento do estudo e o debate que seguramente vai gerar insere-se no Mês da Educação, promovido este outubro pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Tem entrada gratuita.

A retenção ou, como em português corrente se diz, do chumbo é um problema com muita expressão entre nós. Portugal faz parte do grupo de países onde entre 30% a 39% dos alunos repetem um ano, pelo menos, uma vez antes dos 15 anos de idade. Portugal é igualmente um dos países europeus onde entre 2003 e 2012 se verificou um aumento da retenção.

Luís Catela Nunes, Ana Balcão Reis e Carmo Seabra quiseram perceber o que aconteceria a um aluno que foi retido no 4.º ano se isso não tivesse acontecido. Para isso compararam os percursos de alunos com desempenhos semelhantes, mas com resultado diferente: uns que tinham chumbado, outros que tinham passado. A amostra abrangeu seis mil alunos do 4.º ano com negativa a Matemática e Português, as duas provas nacionais de aferição, no ano letivo 2006/07.

Os investigadores da Nova SBE concluíram que os alunos que são retidos “conseguem progredir mais rapidamente nos anos seguintes”. No entanto, essa diferença “não é suficiente para compensar o ano inicial perdido”. “Embora alguns alunos possam beneficiar de ficarem retidos, em termos médios a conclusão é clara: nas escolas públicas portuguesas, o típico aluno de 4.º ano com baixo desempenho que repetiu esse mesmo ano foi prejudicado em termos da sua progressão subsequente”, vincam.

Considerando o peso do problema e os recursos que consome, os investigadores apontam uma direção: “Dado o elevado nível de retenções em Portugal e dado que uma retenção acarreta custos financeiros adicionais para suportar o tempo extra gasto no sistema de ensino, a principal implicação desse resultado é que estes recursos financeiros poderiam ser usados em políticas educacionais alternativas mais eficazes no apoio a alunos com baixo desempenho.”

Ainda assim, os investigadores consideram que os resultados da sua investigação “não podem ser usados para decidir se um dado aluno do 4.º ano deve ser retido ou não”. Cada caso é um caso. “Alguns alunos podem beneficiar duma retenção, enquanto outros podem ser afetados negativamente”.

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