O processo de transformação digital que já esta a decorrer na nossa sociedade lança-nos novos desafios, tendências, e leva-nos a repensar a forma como abordamos os nossos negócios e até mesmo a nossa vida privada e em sociedade. A transformação digital não é apenas uma moda, um conceito, duas palavras. É muito mais que isso, faz parte de um processo muito mais amplo chamado progresso tecnológico e representa a sua terceira e última fase.

De acordo com um artigo publicado, a geração Z, que é composta pelas pessoas consideradas nativas digitais, representará 40% de todos os consumidores a nível mundial. Isto leva-nos a ter de perceber de que forma esta geração e os consumidores em geral se vão comportar nos próximos anos. É aqui que entra a neurociência a favor do marketing, isto é, o já existente conceito de neuromarketing que nos permite conhecer a fundo os seus comportamentos.

Existem já várias empresas a investir nesta área que, ainda que pouco conhecida, já vai entrando na vida das organizações e das próprias famílias. Gigantes tecnológicos como a Google e a Microsoft chegam a contratar pessoas para viverem em casa de famílias (com autorização das próprias) para estudar hábitos e comportamentos do seu dia a dia.

E isto, por si só, torna a transformação digital num desafio que vai além da gestão de organizações assente em estratégias de marketing ou de um simples processo tecnológico. O impacto que esta transformação vai provocar nas organizações, mas também na sociedade em geral é o que nos leva a repensar modelos de negócio e, ao mesmo tempo, modelos sociais até aqui utilizados.

De acordo com o relatório do McKinsey Global Institute, o volume de dados inscritos no Big Data cresce perto de 40% por ano. Ou seja, a quantidade de informação gerada por este processo transformacional na nossa sociedade está a atingir níveis históricos no que diz respeito ao armazenamento de dados pessoais, e não só.

Mas estará este processo a colocar a máquina ao serviço do Homem, ou a substituí-lo? Isto leva-nos a questões como a AI (Inteligência Artificial), que a ser bem aplicada trará avanços inimagináveis há apenas uns anos atrás.

Como qualquer processo tecnológico e de mudança, o seu impacto na sociedade é inevitável. Se por um lado temos um consumidor cada vez mais atento e informado sobre o mercado, por outro temos o próprio mercado a ter de posicionar-se face a estas alterações sociais. E aqui é interessante analisar a forma como empresas e pessoas terão de interagir num futuro próximo.

Ora, a crescente utilização de dispositivos móveis e de redes socias é uma variável factual que faz parte da tendência do mercado. E a Internet of things não é mais do que a interligação de diversos interfaces, para além daqueles que já estamos habituados, como os smartphones, tablets e/ou computadores. Quando combinados  com sistemas automatizados de marketing (marketing automation), permitem recolher e analisar informações em tempo real para criar ações de resposta imediata e assim orientar ou canalizar o consumidor para a nossa melhor oferta de negócio. Hoje, isto é uma realidade.

Os próprios websites e motores de busca e redes sociais já assentam em modelos econométricos que geram algoritmos que estudam e vão ao encontro dos nossos gostos, partilhas e comportamentos. Esta é a grande transformação digital que muitas vezes acontece sem nós vermos e que invade a nossa vida, e muitas vezes a nossa privacidade.

Este paradigma que vivemos entre realidade virtual, realidade aumentada e mundo real confunde-se muitas vezes e leva-nos a repensar o nosso modus vivendi. Estaremos nós a caminhar para um futuro sustentado ou para um abismo virtual? É aqui que entra o papel dos reguladores, da cibersegurança e dos órgãos governativos do mundo inteiro. Fazer com que este processo decorra de forma natural, mas estando atentos a questões de identidade, de privacidade e, acima de tudo, de humanidade.

Precisamos por isso de estar conscientes da mudança e de sermos agentes ativos enquanto cidadãos neste mundo que se move à velocidade da luz. Mas sobretudo de sermos mais proativos no que diz respeito a esta matéria na vida das crianças, pois existe já um enorme impacto que está a transformar o seu comportamento e estilo de vida, e não nos podemos esquecer que elas são os futuros cidadãos, pais e mães de família e também consumidores. A cidadania digital passa pelo dever de estarmos cada vez mais informados de todos os perigos e adversidades inerentes ao seu impacto, mas também das vantagens que este processo de transformação digital traz à sociedade.