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CIP: 58% das empresas com queda homóloga do volume das encomendas de junho

João Almeida Lopes, vice-presidente da CIP, disse que “ficou claro que a pandemia teve um impacto profundo nas cadeias de abastecimento e no funcionamento das empresas” e que “a recuperação económica será lenta”.
30 Junho 2020, 18h12

É um dos primeiros sinais sobre o impacto económico da Covid-19 nas empresas portuguesas: 58% das empresas que participaram num inquérito realizado pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e pelo ISCTE responderam que a carteira de encomendas de junho caiu face ao mesmo mês do ano passado. Em média, a queda foi do volume da carteira de encomendas foi de 45%.

“Isto significa que a queda de negócios vai ser repercutida nos próximos meses”, vincou Pedro Dionísio, professor do ISCTE. “Diminuindo o número de encomendas em carteira, naturalmente para grande das indústrias que trabalham sob encomenda, os seus volumes de negócio vão diminuir. É preocupante”, reforçou.

Esta foi apenas uma das conclusões da sétima edição do projeto “Sinais Vitais”, desenvolvido pela CIP e pelo ISCTE, que desta vez se dedicou ao tema “Compras e Vendas no Pós-Estado de Emergência”, no qual participaram 563 empresas, das quais 48% atua na indústria e energia, o setor mais representado. Por dimensão, 42% das empresas são micro empresas, 34% são pequenas empresas, 19% correspondem a médias empresas e 5% são grandes empresas.

Apesar da queda do volume da carteira de encomendas para junho de 2020, 16% das inquiridas respondeu que esta se manteve estável face a igual período do ano passado, e 5% das empresas disseram que a carteira de encomendas aumentou (em média, 35%).

Além disso, em maio deste ano, 29% das empresas respondeu ter sentido dificuldades em adquirir produtos e serviços essenciais para a laboração, o que, em média, afetou 32% das vendas no mesmo mês.

As vendas de maio também foram abordadas pelo projeto “Sinais Vitais” e 76% das empresas revelaram que as vendas caíram em termos homólogos, em média, 49%.

João Almeida Lopes, vice-presidente da CIP, disse que “ficou claro que a pandemia teve um impacto profundo nas cadeias de abastecimento e no funcionamento das empresas”. O responsável da confederação patronal frisou que a “recuperação da atividade económica será lenta”.

“Apesar de tudo, temos de reconhecer que o Governo tem revelado uma grande vontade de diálogo com os empresários e temos de realçar a pressão que o primeiro-ministro fez para levar a União Europeia a subir as suas responsabilidades”, vincou.

Já 17% das empresas mantiveram o volume de vendas em maio de 2020 por comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto 7% tiveram um aumento das vendas de 31%, em média.

Das vendas em maio, 75% foram a clientes habituais das empresas e 25% a novos clientes.

No lado das compras, apenas 8% das empresas aumentaram as vendas por via dos canais digitais ou venda direta, sendo que, nestas empresas, 54% das vendas se deram através dos novos canais.

Em relação ao cumprimento dos prazos de pagamentos a fornecedores, 80% das empresas responderam que os mantiveram, mas 19% disseram que demoraram mais tempo a pagar, em média, em 34 dias. Já 1% das empresas disse que diminuíram o cumprimento dos prazos, tendo pago aos fornecedores, em média, em 23 dias.

Quanto ao prazo dos recebimentos dos clientes, 34% das empresas revelaram que demoraram mais tempo a receber (em média, 38 dias), 2% das empresas disseram que receberam dos clientes num prazo mais curto (em média, 44 dias) e 64% das empresas responderam que os prazos de recebimento se mantiveram.

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