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CMVM exige informação adicional à Sporting SAD para registar empréstimo de 15 milhões

O regulador não aprovou ainda o prospeto que permite ao Sporting financiar-se no mercado. Verba serve para pagar salários, ao fisco e a credores. CMVM pediu informação sobre “riscos actuais” que decorrem das recentes demissões nos órgãos sociais e ameaças de rescisões dor parte de vários jogadores.
  • António Cotrim/Lusa
21 Maio 2018, 15h28

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu aos responsáveis da  Sporting SAD para actualizar o prospecto do empréstimo obrigacionista de 15 milhões de euros que. O regulador do mercado de capitais quer que sejam incluídos todos os “riscos actuais” que decorrem, entre outros, da possibilidade de rescisões unilaterais de vários jogadores de futebol do clube. O registo da operação só será feito após a CMVM ter “informação completa” para os investidores tomarem a decisão sobre a compra de obrigações. Contactos entre regulador e SAD são “permanentes”.

Em causa está o primeiro empréstimo obrigacionista que a Sporting SAD vai realizar este ano servirá para financiar a “actividade corrente” e fazer face ao cumprimento de serviço de dívida e tesouraria.

Questionada sobre a actualização do prospecto de empréstimo, fonte oficial da CMVM “não faz comentários”.

O Jornal Económico sabe que tem havido “contactos permanentes” entre a CMVM e a Sporting SAD com vista à actualização do prospecto do empréstimo obrigacionista com vista à sua actualização, por forma a passar a incluir os “riscos atuais” associados ao Sporting para que os investidores tenham acesso a informação atualizada. Em causa estão riscos que decorrem de factos recentes, como a onda de demissões de órgãos socais (assembleia geral, conselho fiscal e disciplinar e alguns membros do conselho directivo), bem como a ameaça de vários  jogadores de rescindirem de forma unilateral o que pode desvalorizar os activos do Sporting.

Este empréstimo visa o pagamento de salários, de impostos ao fisco e também créditos bancários e que só será aprovado pela CMVM depois de o prospecto da Oferta Pública de Subscrição (OPS) conter toda a informação verdadeira e rigorosa que reflicta, nomeadamente os “riscos actuais” que decorrem de acontecimentos recentes com os verificados na Academia de Alcochete, na terça-feira passada, com a agressões a jogadores e equipa técnica, que podem levar vários jogadores a avançar para rescisões por justa causa. Além desta situação, está ainda em curso uma investigação judicial ao clube, por suspeitas de corrupção

Segundo fonte próxima ao processo, este processo de aprovação por parte da CMVM é “evolutivo”, tendo o regulador oito dias para registar a OPS, após ter a informação completa que visa actualizar o prospecto do empréstimo obrigacionista”.

Montepio lidera sindicato bancário

Neste empréstimo obrigacionista, o Montepio Investimento é o coordenador global da operação que lidera o sindicato bancário onde participam o BCP, grupo CGD, Banco Carregosa e Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).

A taxa de juro do primeiro dos empréstimos obrigacionistas da Sporting SAD (que pretende a emissão de uma ou mais emissões obrigacionistas no valor de 60 milhões de euros até ao final deste ano), no montante de 15 milhões de euros, será de 6%, com vencimento de juros semestral e postecipado.

A assembleia-geral de obrigacionistas do Sporting deu neste domingo, 20 de maio, “luz verde” ao adiamento por seis meses do prazo para o reembolso do empréstimo obrigacionista, de acordo com um comunicado enviado à CMVM.

No comunicado, a SAD do Sporting informou a CMVM  da deliberação sobre o adiamento do reembolso de uma emissão de 30 milhões de euros que atinge a maturidade este mês. O objectivo passa por realizar o pagamento destes títulos apenas em novembro, adiando a data de reembolso de 25 de maio de 2018 para 26 de novembro de 2018.

A proposta foi apresentada pelo Conselho de Administração da SAD do Sporting e obteve 29.7392 votos a favor, sem votos contra ou abstenções, tendo sido aprovada.

Esta emissão obrigacionista ocorreu entre 07 e 20 de maio de 2015, perfazendo até seis milhões de obrigações até 30 milhões de euros, com um valor nominal de cinco euros, a taxa de juro de 6,25%.

O pedido de adiamento do reembolso surgiu devido ao período de turbulência que afectou o clube, com pedidos de destituição da administração na sequência de declarações do presidente Bruno de Carvalho sobre a equipa de futebol. Segundo o Sporting, esta turbulência impediu a realização na altura de uma nova emissão que estava a ser preparada para angariar os fundos necessários para pagar os títulos que chegavam à maturidade a 25 de maio.

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