Comércio deixa de ser motor da Alemanha e passa a ser obstáculo, considera analista

Depois de terem afundado 6% em março, as exportações da Alemanha recuperaram em abril, enquanto as importações caíram até mais do que estava previsto. Estes números levam agora o analista Carsten Brzeski a considerar que o comércio já não é o motor da economia germânica, mas é, antes, um obstáculo ao seu crescimento.

“O comércio já não é o motor do crescimento forte e resiliente da economia alemã, como costumava ser. É, sim, um empecilho”, sublinha o especialista da ING Economics, num comentário citado pelo El Economista.

O analista realça que desde o verão de 2022 que as exportações da Alemanha têm estado extremamente voláteis e prevê que a tendência aponta para uma quebra, não para uma subida.

A justificar esta projeção estão as dificuldades ainda sentidas na cadeia de abastecimento, mas também a fragmentação da economia mundial, afirma Carsten Brzeski. Além disso, observa o mesmo, a China é “cada vez mais capaz de produzir bens que antes comprava à Alemanha”.

De acordo com os dados mais recentes, em abril, as exportações alemãs aumentaram 1,2% em abril para 130,4 mil milhões de euros. Os analistas estavam a contar com uma quebra de 2,5%, depois do recuo de 6% em março, mas foram surpreendidos.

Do outro das compras, a Alemanha registou uma diminuição de 1,7% para 112 mil milhões de euros em importações, acima do que estava previsto. A balança comercial alemã terminou, assim, abril com um excedente de 18,4 mil milhões de euros, o saldo mais expressivo desde janeiro de 2021.

Importa notar que a Alemanha registou, entre janeiro e março, o segundo trimestre consecutivo de contração, o que significa que entrou em recessão técnica.