A construção é um setor com uma cadeia de valor fragmentada o que torna a mudança mais desafiante. No entanto, com a necessidade de sustentabilidade ambiental, a digitalização, a industrialização, a escassez de mão de obra e a pressão sobre os preços, as empresas de construção têm de rever a sua estratégia para continuar a prosperar numa indústria que está a mudar rapidamente.

Neste ambiente em rápida evolução, torna-se cada vez mais importante corresponder às expectativas de clientes e investidores, cada vez mais competentes e bem informados. O próprio processo de construção está também a mudar na sua base. Está a tornar-se mais industrializado, automatizado e digital, e a pré-fabricação, bem como a construção modular estão a ganhar terreno.

À medida que as mudanças aceleram, os paradigmas estratégicos que conhecemos estão a perder a sua validade. A prioridade está a deixar de ser o “patamar seguinte” da cadeia de valor, evoluindo para uma estratégia holística, centrada no cliente e ambientalmente sustentável. Como elemento chave desta tendência, o tradicional foco no custo de instalação está agora a evoluir para uma visão de custo total da propriedade, incluindo os custos iniciais de aquisição, os custos de planeamento e preparação, a construção, o funcionamento e a manutenção, bem como a demolição e reciclagem.
As decisões baseadas na experiência estão a dar lugar a decisões baseadas em dados. Melhorias simples e incrementais estão a dar lugar a inovações mais disruptivas. Horizontes de planeamento de três a cinco anos estão a ser substituídos por abordagens mais ágeis, com maior vontade de correr riscos calculados. Em resumo, uma abordagem linear e de foco único está a dar lugar a um modelo mais circular e orientado para os dados.

Os seguintes fatores de sucesso podem ser relevantes para as empresas de construção fazerem evoluir os seus modelos de negócio e destacarem-se, permitindo a criação de valor no longo prazo:
i. As empresas devem conhecer o ciclo de vida total do seu produto, determinar onde podem gerar valor acrescentado, e estender e melhorar a sua proposta de valor em conformidade;
ii. Devem ser priorizadas as oportunidades de digitalização que são mais relevantes e que mais acrescentam à proposta de valor;
iii. Estar conectado a ecossistemas ou plataformas ou construir redes onde grupos de empresas possam colaborar, conectar produtos e ir ao mercado com uma proposta de valor coordenada, torna possível uma inovação e expansão mais rápida e poderosa;
iv. Alavancar os milhares de dados que as empresas têm ao seu dispor como um verdadeiro ativo, seja para orçamentos em tempo real, gestão de processos e de controlo, inovação ou modelos preditivos e preventivos “inteligentes”, será gerador de valor;
v. Encarar a sustentabilidade como uma oportunidade que possa ajudar a alcançar uma vantagem competitiva. Ser um construtor de edifícios sustentáveis pode revelar-se um diferenciador chave;
vi. Todas as empresas no ecossistema da construção, desde investidores, arquitetos e engenheiros, até produtores de cimento e fabricantes dos mais diversos materiais, precisam de ter em mente os clientes finais e ser capazes de refletir as preferências e requisitos destes na sua própria proposta de valor.
A curto prazo, as empresas vão querer especialmente compreender e implementar tecnologias-chave que as ajudem a acompanhar a mudança e acelerar a adoção de novos processos, bem como melhorar a experiência de clientes e investidores.
A longo prazo, as empresas terão de rever onde e como se posicionar no ecossistema, continuar a impulsionar a sua industrialização, fazer evoluir o seu modelo de negócio e consolidar posições.
Neste momento de rápida mudança, as empresas que revisitarem o seu modelo de negócio poderão construir importantes vantagens competitivas.