Quando se escolhe colocar foco na história de uma organização longeva, por norma a mesma apenas é conectada com um aniversário ou uma celebração. E apesar de serem dados relevantes, é importante que os líderes percebam que a história pode e deve ser celebrada todos os dias – pois possuir uma visão alargada do passado é uma das ferramentas mais poderosas que temos para modelar o futuro.

A verdade é que a idade média de uma organização diminuiu de 67 para 15 anos desde 1960 e, atualmente, cada vez as organizações nascem e encerram com mais frequência. Portanto, qual o segredo das empresas mais longevas?

Em vez de seguirem o típico modelo que a maioria das instituições considera bem-sucedido – “servir clientes, adquirir recursos, ser eficiente e crescer” – as empresas com uma história, para além do centenário, têm outras prioridades: impactar a sociedade à medida que a mesma evolui, consultar experts para consolidar essa evolução e tornarem-se melhores – em vez de maiores. Instituições centenárias são, atualmente, uma raridade e, por isso são poucas as que retêm uma memória rica e vasta que seja verdadeiramente aplicável em situações diárias.

Por outro lado, as organizações que se podem gabar de ter um maior tempo de vida, por vezes acabam por não o conseguir honrar da melhor forma, uma vez que os líderes e gestores encontram-se naturalmente focados nas tarefas do dia a dia. Mas qual é de facto o papel de um líder?

Para além de inspirar esforços coletivos, a liderança deve também implementar estratégias inteligentes para o futuro da organização. E a verdade é que a história pode ser uma vantagem bastante significativa quando aplicada a favor dos dois propósitos. Ao incentivar colaboradores a trabalhar cooperativamente de maneira produtiva, comunicar a história da instituição pode e deve incutir resiliência bem como um sentido de identidade e de propósito, motivando-os a ultrapassar obstáculos.

Elevando esta estratégia, pode também ser útil como uma ferramenta para resolver problemas da atualidade, reutilizando perspetivas relevantes, generalizações válidas e insights pragmáticos. Neste caso, para um líder o desafio passa por encontrar o passado utilizável de uma organização. Uma história mais vasta pode também ser responsável por pôr as situações adversas em perspetiva.

Em alturas de crises, uma empresa com um passado imenso pode sempre tirar paralelos com outras alturas e assegurar os colaboradores que a empresa já esteve em piores situações, inspirando-os que a mesma irá conseguir ultrapassar os problemas existentes. Desta forma, liderar com um forte sentido da história não é ser escravo do passado, mas sim prestar-lhe homenagem. Uma instituição com um espólio de experiência – com cultura e capacidades em constante evolução, que já se viu inserida em vários contextos e já interagiu com diversas forças – molda os líderes a fazer e influenciar escolhas para o futuro.

Grandes líderes devem procurar honrar e respeitar este legado, falando deste passado no tempo presente e descobrindo as melhores partes da sua história para motivar os colaboradores a aceitar a mudança, até nos tempos mais negros.